Com mais de 40 filmes de diversas épocas, sessões comentadas por especialistas e obras na plataforma CineHumbertoMauroMAIS, mostra inédita “Os Trabalhadores vão ao Cinema” traz obras que refletem sobre as várias dimensões do trabalho
Clássico do cinema, "Tempos Modernos", de Charles Chaplin, está na programação (divulgação)
Em 22 de março de 1895, o curta-metragem “A saída dos operários da fábrica Lumière”, dos irmãos Auguste e Louis Lumière, foi exibido para um pequeno grupo de pessoas em Paris. Já a célebre primeira projeção pública, incluindo este e outros pequenos filmes, aconteceu em 28 de dezembro do mesmo ano, no salão de um restaurante da capital francesa. Desde então, ao longo de 130 anos, o cinema continua a refletir sobre a relação atemporal da humanidade com o trabalho. Destacando mais de um século de produções focadas na temática, o Cine Humberto Mauro exibe, até 18 de maio, a mostra inédita “Os Trabalhadores vão ao Cinema”.
São mais de 40 filmes de diversos períodos, estilos e abordagens, entre curtas e longas-metragens, incluindo clássicos como “Tempos Modernos” (1936), “As Vinhas da Ira” (1940) e “Sindicato de Ladrões” (1954), marcos cinematográficos da estatura de “A Greve” (1925) e “A Negra de…” (1966) e títulos modernos, caso de “Como Enlouquecer Seu Chefe” (1999) e “O Diabo Veste Prada” (2006). A entrada no Cine Humberto Mauro é gratuita, com retirada de 1 ingresso por pessoa a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema, mediante apresentação de documento de identificação com foto.
A maior parte da mostra acontece justamente ao longo do mês que celebra lutas e conquistas dos trabalhadores, tendo como marco o feriado de 1º de maio. A programação propõe um mergulho nas múltiplas formas através das quais o cinema retratou o universo do trabalho, desde as fábricas do século XIX até os dilemas contemporâneos, passando por questões urgentes que continuam a ecoar na sociedade.
Além das exibições tradicionais, a curadoria traz uma sessão comentada no dia 14/5, com o filme “A Classe Operária vai para o Paraíso” (1971), de Elio Petri, pelo curador da mostra, Júlio Cruz. Complementando a programação presencial, a plataforma CineHumbertoMauroMAIS contará com uma seleção de 9 filmes que também colocam o foco nos trabalhadores, suas lutas e desejos, tais quais “Metrópolis” (1927), “Um Homem com uma Câmera” (1929) e “A Pequena Loja dos Horrores” (1960).
A mostra “Os Trabalhadores vão ao Cinema” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado.
As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.
O cinema brasileiro terá espaço de destaque, com uma seleção que inclui o clássico curta-metragem “A Mão do Homem” (1969), de Paulo Gil Soares, e “As Aventuras de Paulo Bruscky” (2010), um dos filmes do início da carreira de Gabriel Mascaro, diretor recentemente premiado no Festival de Berlim.
Também integram a seleção o documentário “A Dupla Jornada” (1975), de Helena Solberg, “O Bem Virá” (2021) – longa-metragem inédito em Belo Horizonte –, de Uilma Queiroz, e o aclamado “Sinfonia da Necrópole” (2014), de Juliana Rojas, um dos filmes nacionais mais relevantes da última década, entre outras obras importantes da cinematografia nacional.
Em 6 de maio, a sessão de curtas-metragens celebra a produção do cineasta mineiro Humberto Mauro no INCE, o Instituto Nacional de Cinema Educativo; no dia 17/5, apresenta três obras contemporâneas que usam o Machinima – técnica que utiliza os videogames como cenário –, explorando o universo do trabalho nos tempos atuais.
Para o público infantil, destaca-se a exibição de “A Pequena Vendedora de Sol” (1999), do senegalês Djibril Diop Mambéty, exibido com dublagem realizada pelo projeto Versão Brasileira, primeira iniciativa cultural que promove a acessibilidade e a exibição, nas periferias de Belo Horizonte, de filmes estrangeiros com pouca circulação no Brasil. O projeto é idealizado por Luísa Lanna e a coordenação da dublagem foi realizada por Flora Maurício e Maru Arturo. A obra foi dublada por moradores do Morro do Papagaio, em Belo Horizonte.
O curador da mostra, Júlio Cruz, ressalta que o trabalho é um dos elementos que acompanham a humanidade desde sempre, e com o cinema não poderia ser diferente.
“Cada cineasta é atravessado em seu cinema pelas contradições e conflitos materiais e históricos de seu tempo e lugar. Mas o que permanece é esse desejo de pensar sobre a realidade que todos vivemos, a luta por melhores condições de trabalho e como populações específicas enfrentam desafios diferentes. ‘Mamma Roma’ (1962), de Pier Paolo Pasolini, por exemplo, tematiza uma questão ainda muito complexa, que é a do trabalho sexual, no contexto da Itália dos anos 1960. Por outro lado, ‘Desculpe te incomodar’ (2018), de Boots Riley, mistura ficção científica e comédia para discutir a situação da população negra no mercado de trabalho contemporâneo dos Estados Unidos. Então a programação tenta justamente trazer esses diversos olhares sobre um aspecto da vida social que nunca deixa de ser relevante”, aponta Júlio Cruz.
Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. O nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K.
Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento.
O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.
Serviço
Mostra “Os Trabalhadores vão ao Cinema”
Datas: até 18/5 (domingo)
Horários: Variados
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro – Belo Horizonte)
Classificação indicativa: Variadas
Entrada gratuita, com retirada de 1 ingresso por pessoa a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema, mediante apresentação de documento de identificação com foto
A partir de terça-feira (6), metade dos ingressos estarão disponíveis, de forma on-line, 1 hora antes de cada sessão, no site da Eventim.
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