DE GRAÇA

Cine Humberto Mauro celebra os 130 anos de história da sétima arte destacando trabalhadores e lutas

Com mais de 40 filmes de diversas épocas, sessões comentadas por especialistas e obras na plataforma CineHumbertoMauroMAIS, mostra inédita “Os Trabalhadores vão ao Cinema” traz obras que refletem sobre as várias dimensões do trabalho

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
02/05/2025 às 18:45.
Atualizado em 02/05/2025 às 18:46
Clássico do cinema, "Tempos Modernos", de Charles Chaplin, está na programação (divulgação)

Clássico do cinema, "Tempos Modernos", de Charles Chaplin, está na programação (divulgação)

Em 22 de março de 1895, o curta-metragem “A saída dos operários da fábrica Lumière”, dos irmãos Auguste e Louis Lumière, foi exibido para um pequeno grupo de pessoas em Paris. Já a célebre primeira projeção pública, incluindo este e outros pequenos filmes, aconteceu em 28 de dezembro do mesmo ano, no salão de um restaurante da capital francesa. Desde então, ao longo de 130 anos, o cinema continua a refletir sobre a relação atemporal da humanidade com o trabalho. Destacando mais de um século de produções focadas na temática, o Cine Humberto Mauro exibe, até 18 de maio, a mostra inédita “Os Trabalhadores vão ao Cinema”.

São mais de 40 filmes de diversos períodos, estilos e abordagens, entre curtas e longas-metragens, incluindo clássicos como “Tempos Modernos” (1936), “As Vinhas da Ira” (1940) e “Sindicato de Ladrões” (1954), marcos cinematográficos da estatura de “A Greve” (1925) e “A Negra de…” (1966) e títulos modernos, caso de “Como Enlouquecer Seu Chefe” (1999) e “O Diabo Veste Prada” (2006). A entrada no Cine Humberto Mauro é gratuita, com retirada de 1 ingresso por pessoa a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema, mediante apresentação de documento de identificação com foto.

A partir de terça-feira (6), metade dos ingressos estarão disponíveis, de forma on-line, 1 hora antes de cada sessão, no site da Eventim; o restante dos ingressos será distribuído presencialmente pela bilheteria, meia hora antes da sessão, mediante a apresentação de documento com foto.

A maior parte da mostra acontece justamente ao longo do mês que celebra lutas e conquistas dos trabalhadores, tendo como marco o feriado de 1º de maio. A programação propõe um mergulho nas múltiplas formas através das quais o cinema retratou o universo do trabalho, desde as fábricas do século XIX até os dilemas contemporâneos, passando por questões urgentes que continuam a ecoar na sociedade.

Além das exibições tradicionais, a curadoria traz uma sessão  comentada no dia 14/5, com o filme “A Classe Operária vai para o Paraíso” (1971), de Elio Petri, pelo curador da mostra, Júlio Cruz. Complementando a programação presencial, a plataforma CineHumbertoMauroMAIS contará com uma seleção de 9 filmes que também colocam o foco nos trabalhadores, suas lutas e desejos, tais quais “Metrópolis” (1927), “Um Homem com uma Câmera” (1929) e “A Pequena Loja dos Horrores” (1960).

A mostra “Os Trabalhadores vão ao Cinema” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado.

As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.

O trabalho através de diversas lentes

O cinema brasileiro terá espaço de destaque, com uma seleção que inclui o clássico curta-metragem “A Mão do Homem” (1969), de Paulo Gil Soares, e “As Aventuras de Paulo Bruscky” (2010), um dos filmes do início da carreira de Gabriel Mascaro, diretor recentemente premiado no Festival de Berlim.

Também integram a seleção o documentário “A Dupla Jornada” (1975), de Helena Solberg, “O Bem Virá” (2021) – longa-metragem inédito em Belo Horizonte –, de Uilma Queiroz, e o aclamado “Sinfonia da Necrópole” (2014), de Juliana Rojas, um dos filmes nacionais mais relevantes da última década, entre outras obras importantes da cinematografia nacional.

Em 6 de maio, a sessão de curtas-metragens celebra a produção do cineasta mineiro Humberto Mauro no INCE, o Instituto Nacional de Cinema Educativo; no dia 17/5, apresenta três obras contemporâneas que usam o Machinima – técnica que utiliza os videogames como cenário –, explorando o universo do trabalho nos tempos atuais.

Para o público infantil, destaca-se a exibição de “A Pequena Vendedora de Sol” (1999), do senegalês Djibril Diop Mambéty, exibido com dublagem realizada pelo projeto Versão Brasileira, primeira iniciativa cultural que promove a acessibilidade e a exibição, nas periferias de Belo Horizonte, de filmes estrangeiros com pouca circulação no Brasil. O projeto é idealizado por Luísa Lanna e a coordenação da dublagem foi realizada por Flora Maurício e Maru Arturo. A obra foi dublada por moradores do Morro do Papagaio, em Belo Horizonte. 

O curador da mostra, Júlio Cruz, ressalta que o trabalho é um dos elementos que acompanham a humanidade desde sempre, e com o cinema não poderia ser diferente.

“Cada cineasta é atravessado em seu cinema pelas contradições e conflitos materiais e históricos de seu tempo e lugar. Mas o que permanece é esse desejo de pensar sobre a realidade que todos vivemos, a luta por melhores condições de trabalho e como populações específicas enfrentam desafios diferentes. ‘Mamma Roma’ (1962), de Pier Paolo Pasolini, por exemplo, tematiza uma questão ainda muito complexa, que é a do trabalho sexual, no contexto da Itália dos anos 1960. Por outro lado, ‘Desculpe te incomodar’ (2018), de Boots Riley, mistura ficção científica e comédia para discutir a situação da população negra no mercado de trabalho contemporâneo dos Estados Unidos. Então a programação tenta justamente trazer esses diversos olhares sobre um aspecto da vida social que nunca deixa de ser relevante”, aponta Júlio Cruz.

Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. O nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K.

Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento.

O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.

Serviço

Mostra “Os Trabalhadores vão ao Cinema”

Datas: até 18/5 (domingo)

Horários: Variados

Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes

(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro – Belo Horizonte)

Classificação indicativa: Variadas

Entrada gratuita, com retirada de 1 ingresso por pessoa a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema, mediante apresentação de documento de identificação com foto

A partir de terça-feira (6), metade dos ingressos estarão disponíveis, de forma on-line, 1 hora antes de cada sessão, no site da Eventim.

Leia mais:

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por