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'Cine Macedo' reúne irmãos para apresentação de curta-metragem e álbum

Da Redação
Publicado em 15/09/2022 às 17:11.
Espaço Comum Luiz Estrela recebe os lançamentos audiovisuais do músico Rafael Macedo ("A Voz a Sós") e da fotógrafa e cozinheira Luisa Macedo ("Comida de Quintal") (Pedro Portella/Divulgação)

Espaço Comum Luiz Estrela recebe os lançamentos audiovisuais do músico Rafael Macedo ("A Voz a Sós") e da fotógrafa e cozinheira Luisa Macedo ("Comida de Quintal") (Pedro Portella/Divulgação)

Em um encontro repleto de familiaridade, Rafael e Luisa Macedo apresentam, nesta sexta-feira (16), o projeto “ Cine Macedo”, evento promove o lançamento de seus trabalhos mais recentes, no Espaço Comum Luiz Estrela. Na noite, o público poderá acompanhar tanto o curta-metragem “Comida de Quintal”, assinado pela fotógrafa e cozinheira , quanto “A voz, a sós”, nova empreitada criativa do músico.

O lançamento duplo marca uma partilha comum a ambos artistas: experimentações com o processo audiovisual. Os dois trabalhos se encontram nessa chave e dividem colaborações entre eles; Rafael assina a trilha sonora de “Comida de Quintal”; Luisa assina still e figurino  em “A voz, a sós”. Como foco criativo, eles pensam conjuntamente as relações possíveis entre som e imagem, expondo um diálogo instigante a respeito das “imagens sonoras” que  habitam o universo das duas obras. 

“Os silêncios, escolhas rítmicas e instrumentais criam uma camada de sentido a mais nesse adentrar pelos quintais e histórias de cada uma dessas mulheres” diz Luisa, sobre o tema de seu filme. Para Rafael, a investigação em “A voz, a sós” se deu a partir da premissa de que sentir que os sons podem “trazer consigo uma ou muitas imagens  - ainda que nem sempre passíveis de serem consumadas enquanto tal - e que as imagens podem ser sonoras”. Resultado dessa comunhão familiar-artística, “Cine Macedo” acontece no Espaço Comum Luiz Estrela, um lugar-símbolo de coragem e resistência no Brasil - “ainda mais num cenário catastrófico, tanto na gestão do presidente da república quanto do atual governador de Minas”, como pontua o músico.

Luisa Macedo

O curta-metragem de Luisa Macedo surgiu de uma pesquisa realizada pela fotógrafa desde 2018, sobre a culinária caseira de mulheres na Grande BH, entendendo esses lugares como espaços de resistência na cidade. O filme nos faz adentrar os quintais de Wanusa, Maria e Vera, que têm em comum o fato de se relacionarem de maneira muito delicada e afetiva com o cozinhar e preservarem em seus territórios aprendizados que vêm de suas mães e avós. 

A partir do imaginário dos alimentos e seus modos de preparo e organização visual no cotidiano, “Comida de Quintal” revela um encontro de diversos universos a partir de uma narrativa bastante sinestésica, inspirada em imagens barrocas. É resultado do diálogo entre fotografia e gastronomia que vêm sendo tema de diversos trabalhos da artista nos últimos anos, algo que “sempre esteve presente de maneira muito forte no meu cotidiano e interesses, desde as observações infantis da cozinha da minha avó e suas mágicas até minha formação em um curso específico de gastronomia”, como revela Luisa. 

O “Cine Macedo” marca a primeira exibição do curta na capital mineira - ele já foi exibido em festivais no Ceará, Itália, Inglaterra e França e recentemente ganhou o prêmio de melhor fotografia no Festival Samburá, realizado em julho deste ano no Ceará. A partir dele, a artista está desenvolvendo um projeto de série audiovisual para quintais e mulheres de outros lugares do Brasil, além de um livro a respeito dos quintais urbanos e mulheres que neles cozinham, a ser lançado em novembro. 

Rafael Macedo

Já o projeto de Rafael nasce entre 2019 e 2020, quando o músico, compositor e arranjador mineiro Rafael Macedo sugeriu dois desafios criativos para si, a partir de alguns questionamentos sobre o próprio ato de compor e especificamente, sobre o uso da voz. O primeiro, se refere à possibilidade de escrever canções para um(a) intérprete solo, mas sem o uso de um instrumento no processo de composição, um modo de performance conhecido como à capella. A outra provocação, seria pensar em como materializar essas canções, construídas sonicamente apenas por vozes e fazer os sentidos imagéticos e sonoros coabitarem o mesmo espaço semântico. 

Quase três anos depois, estas questões instigantes resultaram em “A voz, a sós”, um projeto audiovisual inovador que reúne registros exclusivamente audiovisuais de cantores e cantoras dando voz à composições de Macedo e que, em conjunto, compõem tanto um filme quanto uma espécie de apresentação. “A voz, a sós" nasceu quando Macedo fez uma canção para Juliana Perdigão interpretar à capella. A experiência de compor naquela chave inspirou o músico a expandir aquilo para uma série maior de canções, sem acompanhamento instrumental. A partir deste processo inicial, Macedo convidou o compositor e letrista carioca Thiago Amud, parceiro entre outros de Guinga e Francis Hime, gravado por Milton Nascimento, Alcione, Mônica Salmaso e que recentemente participou com arranjos de “Meu Coco”, de Caetano Veloso, para dividir a autoria dos textos das próximas canções que comporiam o projeto.

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