Cineastas de Minas Gerais procuram outros caminhos além das artes visuais na Mostra de Tiradentes

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
23/01/2016 às 08:29.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:08
 (Divulgação )

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As atenções estarão voltadas para cineastas veteranos como Andrea Tonacci, principal homenageado e tema de dois seminários, Julio Bressane e Walter Lima Jr., mas o segundo dia de programação da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes também abre espaço generoso para as produções locais.

Nas seções “Cena Mineira” e “Panorama”, que reúnem sete curtas-metragens mineiros, há uma boa amostragem da diversidade e do alcance do cinema atual do Estado. Maior exemplo disso é “Quintal”, de André Novaes, exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, em 2015.

A história de um dia na vida de um casal de periferia (representado pelos pais do diretor), às voltas com um estranho fenômeno ocorrido em seu quintal, também conquistou, no ano passado, os jurados do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que deram ao curta os troféus de filme, atriz e roteiro.

A seleção conta ainda com “Volta para Casa”, de Rodrigo Molinsky, “Imhotep”, de Leo Pyrata, “Prenome Walter”, de Leonardo Amaral e Roberto Cotta, “Bili com Limão Verde na Mão”, de Rafael Conde, “Um Pouco a Mais”, de Aleques Eiterer, e “Lembranças de Mayo”, de Flavio Von Sperling.

“Nos últimos tempos, aquela ideia de um cinema mineiro ligado às artes visuais já não é mais realidade. Embora ainda esteja presente numa parcela dessa produção, há outros caminhos interessantes que estão sendo percorridos”, salienta o curador Francis Vogner.

Pyrata, que já exibiu em Tiradentes o curta “Cuauhtémoc”, está curioso para ver a reação do público ao novo trabalho, feito com a câmera de seu celular. “Estava com um aparelho novo e tinha um hiato de dois anos sem fazer experimentações com esse suporte. Fiz o filme em uma semana, com a ajuda de meu filho Samuel na edição”, registra.

Ele conta que a ideia de “Imhotep” lhe veio em Recife, enquanto estava escrevendo o roteiro de “Carro Rei”, com Sérgio Oliveira e Renata Pinheiro. “Nas folgas eu pesquisava sobre o poeta surrealista Benjamin Péret e sua passagem pelo Brasil. Saltando entre hiperlinks cheguei à essa figura ímpar que é o Imhotep”, recorda.

Chanceler do faraó Djoser, ele é considerado o primeiro arquiteto, engenheiro e médico da história antiga. “Foi o primeiro sábio da humanidade. Construiu a primeira pirâmide e primeira obra arquitetônica com pedra fundida, em Sacara”, observa o diretor, que fez o curta em homenagem ao americano Sun Ra, compositor de jazz, poeta e filósofo conhecido por sua “filosofia cósmica”, e pelos filmes de afrofuturismo.

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