(ZETA FILMES/DIVULGAÇÃO)
Além de ser um dos filmes que abriram caminho para a abordagem da contracultura no cinema e ser sempre lembrado quando o assunto é uma mulher mais velha envolvendo-se com um homem jovem, o cinquentão “A Primeira Noite de um Noite”, produção dirigida por Mike Nichols, que volta aos cinemas amanhã (lançado pela distribuidora mineira Zeta Filmes) é o melhor exemplo de como uma trilha sonora pode servir bem a um enredo. No caso do longa, as inesquecíveis músicas ficam por conta de Simon & Garfunkel. Integrante do Trio Capuccino’s, que tem no repertório várias canções da dupla, Cássio Guimarães cita a sequência inicial, em que o personagem de Dustin Hoffman aparece retornando para casa, acompanhado por “Sound of Silence” – que se transformaria num grande <CF36>hit</CF> no ano seguinte ao lançamento nos cinemas. “A gente percebe todas as angústias dele, sentindo-se sozinho e preso dentro de si. Tanto a letra quanto o ritmo traduzem esse sentimento. Em vários outros momentos do filme, a música ajuda a contar a história”, registra Guimarães que, ao lado dos colegas Felipe Ferreira e Giovani Leão, gravou um cover da canção há cinco anos, num EP que leva o nome do trio. Espírito da épocaEm músicas como esta, Simon e Garfunkel se estabeleciam como porta-vozes d[ toda uma geração de jovens, que entravam nos anos 1960 dispostos a alterar o cenário sócio-cultural da época.
Nesta direção, a parceria com Nichols é muito afiada. “Hollywood estava em crise, após cometer excessos como ‘Cleópatra’. Junto com Nichols, surgiu uma geração de diretores jovens que passou a tratar de temas como sexo, contracultura e feminismo”, contextualiza o crítico de cinema Felipe Moraes, do site “Metrópoles”, destacando o momento de ruptura quando “A Primeira Noite de um Homem” chegou às telas em 1967, ao lado de outros trabalhos icônicos, como “Sem Destino” (1969) e “Procura Insaciável” (1971). Sobre ser relançado cinco décadas depois, Moraes acredita que o longa ainda permanece “jovem”. “O filme é popular até hoje, longe de ser um fracasso revisitado pelos críticos. Apesar de ter completado 50 anos em 2017, o visual ousado o torna jovial até hoje. Nichols concebeu cada plano como se tivesse dando uma piscadela para o espectador”, destaca.