(Arquivo Hoje em Dia)
aqui a dez dias, começa, no Circuito Cultural Praça da Liberdade, o “Circuito Literário Praça da Liberdade”, que segue até o dia 16. Com o mote “Uma Pausa Para Você e as Palavras”, o evento propõe “uma pausa para a leitura, em meio à agitação do dia a dia”, com a meta de transformar a Praça da Liberdade em uma “cidade das palavras”. A programação – que abarca 70 convidados – será sempre gratuita e voltada a todas as idades.
Não só. Abarca, ainda, uma homenagem aos 100 anos de morte do poeta Augusto dos Anjos – “Augusto dos Anjos, 100 anos de morte e vida nordestina!”. Mediador do debate, o professor de Letras do UniBH Luiz Morando conversou com o Hoje em Dia sobre o autor paraibano que, lembra, tem um lugar muito particular nas páginas da literatura brasileira. “Sua poesia é marcada por um tom soturno, muito diferente daquela que, em geral, era produzida no início do século 20. A iconografia mais repercutida sobre ele guarda uma relação com imagens de um rosto com expressão inusitada e estranha”, explana.
Para Morando, os temas que o paraibano abordou em sua poesia também possuem um caráter “esquisito”, com o uso de vocabulário afeito ao campo científico da época e teorias pouco palatáveis ao leitor comum. “A grandiloquência de seu sujeito lírico ainda guarda relação com um tom com o qual o leitor comum estava habituado, mas que causa estranhamento pelo estilo particular. Enfim, tudo isso reserva um lugar muito singular a esse poeta, que morreu aos 30 anos, e o torna, de certo modo, inesquecível aos seus leitores”.
Além disso, prossegue Morando, Augusto dos Anjos é autor de um único livro (“Eu”), o que provoca, para o leitor comum, “certa relação de especularidade entre sua imagem como escritor e o que seu conjunto de poemas pode revelar como produção literária”.
A homenagem a dos Anjos, será feita no dia 12 – por uma coincidência, dia de sua morte em 1914 –, na Biblioteca Pública Estadual Luís de Bessa, às 14h30, por meio da citada mesa redonda.
Na composição, estão o professor Sérgio Alcides (da Faculdade de Letras da UFMG) e o aluno de Letras e pesquisador Guilherme Garcia e Luiz Morando. “Farei o papel de mediador entre os dois componentes. O professor Alcides é um estudioso da poesia desse período e poderá circunscrever a produção de Augusto dos Anjos ao momento em que viveu. Garcia pesquisa sobre as relações do escritor e a poesia de Rimbaud”, adianta Luiz.
Instado a falar sobre a atemporalidade da poesia de Augusto dos Anjos, Luiz Morando entende que essa se dá pela temática mais geral que ele abordou em sua produção poética: o lugar do homem no universo e sua relação com o transcendente. “A percepção da humanidade como um elemento comum a mais em meio à composição material do universo”, conclui, elogiando, ainda, a iniciativa do Circuito.
“É um evento que se propõe a oferecer um debate maduro e consistente sobre a literatura brasileira, mas também aproximá-la do público por meio de oficinas, palestras, contação de histórias e outras atividades”, conclui.