(Guto Muniz)
Num mesmo palco, versos do itabirano Carlos Drummond de Andrade, textos de poeta lusitano Fernando Pessoa, do líder Martin Luther King e até de Xuxa, a eterna “rainha dos Baixinhos”. Pode soar kitsch, mas essa miscelânea é, com certeza, muito pop.
Essa espécie de “caldo imaginário” perpassa (e transborda) em “Bata-Me! (Popwitch)”, espetáculo que estreia nesta sexta-feira (13), às 20h, no CentoeQuatro (Praça Rui Barbosa, 104). A peça da companhia Madame Teatro tem direção de Diego Bagagal, responsável também pela criação dos figurinos. A entrada é gratuita.
Tecnologia
“O espetáculo é estruturado como uma colagem, que é uma técnica que teve destaque na cultura pop dos anos 1970. Imagens diferentes eram aplicadas no mesmo quadro e, assim, criava-se uma nova imagem”, observa Bagagal, que encerra um ciclo de pesquisas sobre o pop, que começou com “The Witch and The Frog – Pop Version”, de 2009, e “Pop Love”, de 2010.
Além disso, o diretor destaca que o espetáculo transita pelas transformações tecnológicas, com forte impacto nas gerações pós-1980. “Estamos vivendo a era das redes sociais, das novas mídias. E a comunicação e a arte estão bebendo dessa fonte do pensamento tecnológico. Ter uma peça de A a Z faz sentido, também porque estamos falando de atores dessa geração (1980 e 1990) de um Brasil pós ditadura com esse boom da comunicação”, frisa.
Ironia e leveza
Diego Bagagal diz que optou por uma criação bem humorada e irônica. “O espetáculo não tem a intenção de chocar, é bem humorado; a cultura pop sempre tratou de assuntos polêmicos de forma irônica e com leveza. Andy Warhol pintou Marilyn Monroe logo que ela morreu, e ficou leve. Acho que ‘Bata-me’ é um nome forte, fala desse ato de bater, mas nada agressivo com as pessoas, pois é um potencializador da expressão, da liberdade”, garante. O espetáculo bilíngue conta com atores do Brasil, Austrália e Portugal.