Coletânea celebra os 100 anos de Lupicínio

Hoje em Dia
16/09/2014 às 09:11.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:13
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

Nesta semana – mais precisamente, no dia 19 – o cantor e compositor Lupicínio Rodrigues celebraria cem anos. Conhecido como o criador da “música de dor de cotovelo”, ele ganha homenagem com o lançamento da coletânea “Lupicínio Rodrigues –100 Anos’’ e com festas em sua cidade natal, Porto Alegre.

A pesquisadora Maysa Chebabi reuniu canções do compositor na voz de Caetano Veloso, Elis Regina (1945-1982) e Maria Bethânia, entre outros 17 artistas. “Não fiquei preocupada com o volume. O acervo da gravadora concentra um grande time de intérpretes de Lupicínio, e selecionei as que achava imperdíveis”, avalia Maysa.

Além do novo álbum, a Prefeitura de Porto Alegre decretou o “Ano Cultural de Lupi”, com diversas atrações que lembram sua música e suas histórias. “Ele ajudou a colocar o Rio Grande do Sul no mapa da música brasileira. Até então, gaúcho só era lembrado por músicas da região”, conta Marcelo Campos, que está preparando o lançamento do livro “Almanaque do Lupi’’.

O calendário gaúcho também vai abraçar a peça “Vingança – o Musical”, da atriz e cantora Anna Toledo, que ficou mais de um ano em cartaz na capital paulista. “Eu sempre tive as canções dele no meu repertório. Lupicínio foi minha primeira escolha para um musical, já que os personagens dele são muito bem desenhados, é fácil você se colocar na pele de cada um deles”, conta a atriz.

Os versos criados por Lupicínio Rodrigues falam sobre a dor de amor, na maioria das vezes, sentidas por ele mesmo. É o que afirma o escritor Mário Goulart, no livro “Lupicínio Rodrigues’’ (1984).

A obra mostra a sua mistura da vida de casado com a boemia. “Escrevi esse livro há 30 anos. Na época, sua música estava sendo lembrada por outros artistas. Eram recentes as gravações de ‘Castigo’, pela Bethânia, e ‘Felicidade’, pelo Caetano’’.

Para Marcelo Campos estudioso do cantor, o principal fator de seu sucesso foi o jeito popular de falar sobre sentimentos. “Ele tinha a sensibilidade de ir direto ao ponto, era um canto quase falado”, avalia.

A cantora Elza Soares, que recentemente fez uma série de shows dedicados ao repertório de Lupicínio Rodrigues, é uma das vozes selecionadas na coletânea em comemoração de seu centenário.

“Fiz muito sucesso ao gravar ‘Se Acaso Você Chegasse’, mas já cantei diversas outras músicas dele. Lupicínio teve coragem de dizer que amava, que sofria. Ele escrevia sem preconceito em dizer que amar dói. Ele faz parte da história, a nova geração precisa conhecê-lo’’, diz Elza.

Lupi também cantava, mas acabou sendo mais reconhecido pelas vozes de outros intérpretes. “Já disseram que ninguém cantava as músicas do Lupi como ele mesmo, de um jeito sussurrado, parecido com o que a bossa nova fez depois”, diz o biógrafo Mário Goulart.

O auge do sucesso do músico aconteceu entre os anos 1930 e 1940. “Nessa época, eram valorizados cantores de voz empostada”, diz o autor Marcelo Campos.

Cronologia

1914 – Nasce em PA
1928 – Aos 14, compõe o seu 1º samba-canção, ‘Carnaval’’
1931 – O pai o obriga a se alistar no Exército.
1935 – Vence um concurso em Porto Alegre com ‘Triste História”, parceria com Alcides Gonçalves.
1938 – Tem seu primeiro sucesso nacional, “Se Acaso Você Chegasse”, gravada por Cyro Monteiro 1947 – “Nervos de Aço”’ é gravada por Francisco Alves.
1949 – Casa-se com Cerenita Quevedo, que adota a sua filha, Teresa, deixada por Juracy de Oliveira, de quem havia ficado viúvo
Anos 1960 – Perde espaço para o rock, Tropicália e Jovem Guarda
Anos 1970 – Redescoberto por artistas como Caetano Veloso, que grava “Felicidade’’
1974 – Morre em Porto Alegre, aos 59 anos, por insuficiência cardíaca agravada pela diabetes e pela tromboflebite
Fonte: Livro ‘Lupicínio Rodrigues”, de Mário Goulart 

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