Colheres do mundo e seus sons viram livro com ritmos do Brasil

Émile Patrício
09/11/2013 às 09:09.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:02
 (ILUSTRAÇÃO DE JOANA RESEK PARA "COLHERIN"/EDITORA PEIRÓPOLIS)

(ILUSTRAÇÃO DE JOANA RESEK PARA "COLHERIN"/EDITORA PEIRÓPOLIS)

Quem nunca fez um batuque com uma colher e uma frigideira em meio à cozinha de casa, mesmo que por alguns instantes? E não é que esta brincadeira virou livro? A obra “Colherim – Ritmos brasileiros na dança percussiva das colheres” (Editora Peirópolis), de Estêvão Marques, reuniu colheres de várias partes do mundo e seus diferentes sons, ensinando técnicas musicais.

Marques viajou muito e por diversos lugares e foi coletando técnicas e colheres confeccionadas em diferentes materiais como osso, madeira, metal, grandes ou pequenas, presentes nas culturas eslavas, ciganas, celtas, indígenas, norte-americanas e latino-americanas.


“A ideia do livro surgiu quando fui pesquisar brincadeiras musicais na Espanha e um amigo me apresentou a prática. O som das cucharas, este era o nome das colheres, soava como o das castanholas”, explicou Marques ao Programinha. Depois, ele encontrou a mesma técnica na Colômbia, Turquia, Rússia, Canadá, Irlanda, Grécia, entre outros destinos. Trouxe para o Brasil um amontoado de colheres de várias formas, cores, tamanhos e sons.

“Em terra brasileira este instrumento foi batizado de colherim por dois motivos: o movimento das colheres é semelhante ao do tamborim e as colheres musicais despertam a curiosidade do mirim”, comenta o autor.  A ilustração de Joana Resek facilita o entendimento e, de forma criativa e didática, há ainda uma série de atividades.

Um DVD acompanha a obra e mostra passo a passo como se deve segurar as colheres e como fazer o som com elas. Marques ensina estilos musicais brasileiros como o choro, o samba, o baião, entre outros.


Vale ressaltar que o autor selecionou ritmos que ajudam a contar um pouco da história musical do Brasil, com suas influências indígenas, ibéricas, árabes, africanas, caribenhas e latino-americanas.
 
 
Vira pandeiro, tamborim, agogô...
 
Estêvão Marques, o autor de Colherim, é um educador musical. Ele conta que as colheres tomam outras formas no imaginário das crianças desde muito cedo. “As colheres viram aviãozinho, quando vai dar sopa para o bebê, nave, disco voador e agora instrumento de percussão”. E fala de seu encantamento ao descobrir os sons. “Quando fui conhecer a Espanha, um amigo me ensinou a tocar as colheres que têm um som bem parecido com as castanholas. Foi amor à primeira colherada. Descobri que as colheres percussivas são tradicionais em muitos países. Peguei um pouco da técnica de cada um deles e temperei com o ritmo brasileiro, surgiu então o Colherim! Podemos transformar as colheres em muitos instrumentos: agogô, pandeiro, reco-reco e até mesmo em tamborim”.
 
O garoto que ama percussão

 

 

Pablo, do Tambolelê, começou a batucar aos cinco anos e toca com  vários instrumentos (Foto de Carlos Rhienck)


 
Para Pablo Mateus Lino de Oliveira, de 12 anos, o livro Colherim não causou estranhamento. “ Quando comecei a aprender percussão queria fazer barulho com qualquer coisa. Em casa, minha mãe me zangou várias vezes por eu estar batendo a colher no prato. Ela dizia que ia quebrar”, conta o menino, integrante do Projeto Tambolelê, que começou a aprender os sons de diversos instrumentos de percussão aos cinco anos. Hoje, ele é um dos mais fieis alunos do grupo e diz não perder os ensaios por nada.

“Nem quando quebrei o braço eu faltei às aulas. Tocava apenas com uma mão, mas tocava”, contou Pablo, que domina instrumentos como timbau, djembê, congas, surdos, repiques, surdinhos e tamborins.

O Grupo Tambolelê fica no bairro Novo Glória, em Belo Horizonte, e oferece cursos de percussão de graça para crianças e adolescentes.
 
 Serviço - O Grupo Tambolelê, que funciona na rua Passo Fundo, 124, bairro Novo Glória, em Belo Horizonte, oferece cursos gratuitos de percussão em dois segmentos: o maracatu e ritmos mineiros. Anote: Maracatu Ensaios às terças e quintas, às 19h30 e sábado às 10 horas.
Ritmos mineiros: Ensaios somente às quartas, às 19 horas. Contatos das coordenadoras: Luci de Fátima (31) 9144-6313 ou Célia Pereira
(31) 9258-5778. 

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