Com Johnny Depp como o índio Tonto, "O Cavaleiro Solitário" chega aos cinemas

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
12/07/2013 às 07:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:59

O malogro de "O Cavaleiro Solitário" nas bilheterias americanas, que pode se confirmar como o segundo maior fracasso da história da Disney (atrás apenas de "John Carter"), é compreensível.   Com estreia nesta sexta (12) nos cinemas brasileiros, o filme de Gore Verbinski é um caso raro de super produção com verniz político, na contramão dos blockbusters patrióticos ou "descerebrados".   A essência do personagem, criado para o rádio na década de 30, é a descrença nas instituições. Pior: o futuro não trará justiça social, com o dinheiro concentrado em poucas mãos.   Diferentemente do rádio e da televisão (ganhou uma série em 1949, uma dos mais populares da TV americana), a adaptação cinematográfica retirou o cunho vingativo do Cavaleiro.   Na pele de Armie Hammer, ele surge como um advogado certinho que, no Texas de 1869, acredita piamente no progresso e nas leis. Tantas boas intenções não impedem que morra rapidamente.   Mascarado   É ressuscitado por um cavalo espiritual e pelo índio Tonto (Johnny Depp). O seu renascimento representa outro jeito de ver a realidade, representada pela adoção da máscara negra.   Esse desenvolvimento mais psicológico do personagem justifica, em parte, as razões de não ter criado, na era das franquias milionárias, o mesmo apelo de outro herói mascarado, o Zorro.   Apesar de Zorro também ser um defensor dos fracos e oprimidos, ele não abandona suas raízes aristocratas, continuando a usufruir do status do rico Don Diego de la Vega. Caminho diferente seguido pelo alter ego do Cavaleiro, John Reid.   Outra diferença fundamental é que o Zorro luta contra o colonialismo – ele reside na Califórnia governada pela Espanha. De certa forma, está do lado do progresso, "parceria" que Reid descarta, optando pelos modelos antigos.   Modelo que está estampado na cultura dos índios, especialmente em Tonto. Embora com alguns parafusos a menos, ele é o que melhor compreende a transformação gerada pelo "progresso".   Os "brancos" que estão à frente dos poderes são corruptos, como o general Fuller (Barry Pepper), cuja fisionomia remete ao general Custer, um dos maiores matadores de índios da história.   Acidez   É a essa percepção da História que o americano médio não quer ser apresentado, principalmente num filme de entretenimento. O que pode explicar o fracasso comercial de "O Cavaleiro Solitário".   Um dos destaques do longa é justamente oferecer, entre as muitas cenas de ação, essa leitura, ampliada pelo humor negro de Verbisnki, que tem em Depp o veículo principal de sua acidez.   Depp foi o capitão Jack Sparrow da franquia "Piratas do Caribe" e o camaleão de "Rango", todos com a assinatura de Verbinski. Dobradinha que se mostra tão bem-sucedida quanto a de Depp com Tim Burton, que resultou em oito filmes.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por