Comédia dedicada a Paulo Gustavo, "Matilde" é atração no CCBB-BH
Espetáculo foi idealizado pelo artista em 2015 para a amiga Malu Valle, que estrela a produção
(Daniel Chiacos/divulgação Dupla Comunicação)
É garantia de riso! No palco, Malu Valle encarna uma aposentada de 60 anos que vê sua rotina pacata em Copacabana, zona sul carioca, ser transformada ao alugar um quarto para um jovem ator de 36 anos em busca de uma grande oportunidade na carreira. A história de Matilde, espetáculo idealizado pelo saudoso humorista Paulo Gustavo para a amiga e atriz, é atração no CCBB-BH a partir de quinta-feira (8).
O texto, que aborda temas como envelhecimento, relações intergeracionais e os desafios da sociedade patriarcal, começou a nascer muito tempo atrás, quando Paulo Gustavo, na época estudante de Artes Cênicas da CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), convidou Malu Valle para dirigir o espetáculo "Infraturas" (2005), um compilado de esquetes cômicas que marcou o início da carreira dele e do amigo e colega de cena Fábio Porchat. Além de impulsionar a carreira de ambos, o projeto consolidou a amizade de Paulo Gustavo com Malu. A partir daí, em 2015, a relação ganhou novas proporções com a ideia do espetáculo “Matilde”.
Na época, o ator quis inverter os papéi e convidou Malu para estar em cena, sob a direção dele. Agora, a peça volta aos palcos celebrando os 35 anos de carreira de Malu Valle e também como homenagem a Paulo Gustavo, que falece em amio de 2021, por complicações da Covid-19.
Espetáculo convida a reflexões
Um dos maiores artistas do Brasil, Paulo Gustavo, além de lotar os teatros por onde passava, enaltecia o espaço como poderosa arma de reflexão, um local onde a arte poderia servir de espelho da sociedade e fazer valer seu poder de comunicação ao incorporar, em uma mesma obra, a multiplicidade de elementos que enriquecem o debate coletivo.
Na peça, a habilidde de Paulo Gustavo de incorporar múltiplos elementos para levar o público a uma reflexão é levada ao extremo por meio da comédia satírica — um estilo muitas vezes subestimado por sua leveza — para abordar questões de alcance global. A montagem instiga o público a revisar certezas estabelecidas e desafiar estereótipos, abrindo caminho para uma sociedade mais inclusiva e menos preconceituosa.
Explorando os medos e anseios de Matilde e Jonas (o jovem ator), personagens que se provocam, se desafiam e se transformam ao longo da narrativa, o espetáculo gera reflexões sobre a discriminação etária e os estigmas sociais impostos às mulheres mais velhas, questionando tabus sobre sexualidade e identidade na terceira idade.
SERVIÇO:
A temporada vai até 1º de junho. As sessões acontecem de quinta a segunda, às 20h, no Teatro I do CCBB BH (Praça da Liberdade, 450. No dia 31/05 (sábado), haverá sessão dupla, às 17h e 20h. Os ingressos, vendidos a R$30 (inteira) e R$15 (meia), estão disponíveis no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do local. Em 18/05 (domingo), a sessão terá tradução em Libras. Dia 24/05 (sábado) haverá bate-papo após o espetáculo.Dia 25 (domingo) também com audiodescrição, além da tradução em libras.
Leia também: