(PARIS FILMES/DIVULGAÇÃO)
Os fins justificam os meios? A partir de dois investigadores que exibem procedimentos que vão além da ética profissional, o filme “A Divisão”, em cartaz nos cinemas, deixa para o espectador a resposta, que vai muito além da perseguição de traficantes nas favelas cariocas, mostrando a participação de políticos, empresários e policiais em sequestros.
A história é baseada em fatos reais, ocorridos na década de 90, quando a onda de sequestros estava no auge. “Um dos temas centrais é, sem dúvida, o papel da polícia. Vinte anos depois, é uma questão cada vez mais urgente. O crime de sequestro só acabou porque passou a incomodar a elite e, de lá para cá, os outros índices só aumentaram”, observa o diretor Vicente Amorim.
Não é à toa que o filme está sendo comparado a “Tropa de Elite”, um dos grandes sucessos do cinema policial brasileiro. “Não há como falar da violência urbana no Rio e não levar em considerações os dois filmes de (José) Padilha, e ‘Cidade de Deus’. São filmes que mudaram a sintaxe da ação no Rio de Janeiro, dentro do contexto da violência urbana”, salienta.
No caso de “A Divisão”, protagonizado por Silvio Guindane e Erom Cordeiro, uma das preocupações do diretor foi não glorificar a violência. “O filme é muito violento. Realista, cru, talvez até chocante. Mas assim como os personagens a sentem”, sublinha.
Diferentemente do recente “Carcereiros”, “A Divisão” não é um prolongamento da série de TV, disponibilizada na plataforma Globoplay no fim do ano passado. “Partimos do longa. Quando ficamos satisfeitos com o roteiro, passamos a desenvolver a série. E filmamos tudo de uma vez só”, explica Amorim.