Concerto traz a BH obras inéditas de Francisco Mignone

Da redação
almanaquehd@gmail.com
16/04/2017 às 12:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:09

 Em busca de um tema para o doutorado, o violonista mineiro Fernando Araújo, de 54 anos, encontrou algo mais valioso. Obras inéditas do compositor e pianista paulista Francisco Mignone (1897-1986), um dos maiores compositores brasileiros do século 20, ao lado de Villa-Lobos e outros nomes. Em um “golpe de sorte” o músico mineiro encontrou os manuscritos pelas prateleiras da Biblioteca Nacional de Buenos Aires. O público terá a chance de conferir a descoberta ao vivo amanhã, no Conservatório da UFMG, em apresentação gratuita de Fernando Araújo com o violonista Celso Faria. Para Fernando, foi algo como descobrir uma peça nova de Aleijadinho ou um conto novo de Machado de Assis. “Algo dessa ordem de grandeza”, compara. Depois de Villa-Lobos, o compositor Mignone foi o músico mais conhecido do século passado. “O material estava na biblioteca há dois anos sem ninguém que o catalogasse”, conta.  As obras encontradas foram escritas para duo de violões, em agosto de 1970, e dedicadas ao casal de violonistas argentinos Graciela Pomponio e Jorge Martínez Zárate, que formavam o Duo Pomponio-Zárate. “Era exatamente o que queria fazer, algo para dois violões”, comemora. 

Encontrar as obras deFrancisco Mignone foi algo como descobrir uma peça nova de Aleijadinho, um conto novo de Machado de Assis ou um projeto de Oscar Niemeyer. Algo dessa ordem de grandeza”Fernando Araújo

 O privilégio da descoberta o violonista encara também como uma grande responsabilidade. “Um compositor dessa envergadura merece um trabalho com muito cuidado, com as referências adequadas”, relata. Para isso, Fernando aprofundou os estudos em interpretação e a forma de tocar, uma vez que Mignone não era violonista. “Tivemos que adaptar a escrita em alguns momentos para encaixar melhor, mas com cuidado e referências acadêmicas”, frisa. RepertórioNo repertório do concerto serão executadas oito peças ao estilo música nacionalista. “Baseada nas músicas populares do país”, diz. Maxixe, tango brasileiro, serestas e valsas são influências que aparecem nas partituras. “Era o que se ouvia em São Paulo naquela época. E estava na moda também o caipirismo”, afiança. Mignone também escreveu música popular. Mas como na época “não pegava bem” músico erudito se aventurar nessa seara, usava o pseudônimo de Chico Bororó. “Ele chegou a gravar discos no começo da indústria fonográfica com essas músicas de Bororó. Essas influências aparecem nas composições”, salienta. Ao tornar públicas peças inteiramente desconhecidas, Fernando espera estimular outros músicos. “Espero que esse trabalho possa inspirar outros exploradores. Pois são obras de grande valor para a cultura brasileira. Outras ainda devem estar escondidas”, acredita.  Serviço: Fernando Araújo e Celso Faria apresentam “Os Manuscritos de Buenos Aires: obras recém-descobertas de Francisco Mignone”. Conservatório da UFMG (av. Afonso Pena, 1.453, Centro). Amanhã, às 20h. Entrada franca 

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