Disco é inspirado em obra de Manoel de Barros

Com um título pra lá de sugestivo, inspirado em Manoel de Barros, o disco “Fora da Asa” será apresentado ao público oficialmente nesta quinta-feira (9), a partir das 20h, em show no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil (confira roteiro). O trabalho de Ricardo Frei reúne dez faixas – e participações especiais de nomes como Paula Santoro e Sérgio Santos. Para a produção (e para o show de logo mais), Frei se valeu de suas múltiplas facetas. “Fui produtor executivo, artístico... Fiz tudo para que o álbum saísse, da playlist à iluminação do palco” conta.

O disco consumiu dois anos de elaboração, e foi viabilizado por meio de financiamento coletivo. “Não quis simplesmente colocar músicas que gosto de cantar, e sim as que me permitiam contar uma história através de um personagem”. O fio condutor é trabalhado, entre outros aspectos, através do sagrado, explicito nas faixas “Reza” e “Escuto do Mar”. Nelas se percebe o momento no qual o citado personagem se apega a tudo no qual acredita. Para poder sair de um estado letárgico, esse sujeito encontra, na canção, uma forma de ver o mundo através da poesia.

O fato de ter se inspirado em Manoel de Barros (1916-2014) para batizar o petardo reflete a relação de Ricardo Frei com a poesia, que é, sim, marcante, em sua vida. Por isso a vontade de fazer da "vida", desse personagem, uma pura poesia. Mas não somente o sagrado norteia o disco, o álbum traz também canções que retratam o amor e a liberdade, caso de "Cancioneta" e "Como um Rio". Para finalizar a história, a faixa "Herói" retrata obstáculos tenebrosos e reafirma a vontade de viver do personagem.

O cantor releva também que assume responsabilidade completa pela feitura desse trabalho e que, apesar de assinar a maioria das faixas, confessa não saber precisar exatamente quando começou a compor. O flerte com a música, porém, teve início quando ele contabilizava apenas dez anos, passando a integrar o Coral Infanto Juvenil da Fundação Clóvis Salgado (lá, também estudou flauta e violino).

Mas foi adolescente, entre os 15 e 16, que veio a preocupação em ligar o sentido das palavras à melodia e o entendimento sobre o que é possível cantar. Já cooptado pelo universo da música popular, foi estudar contrabaixo com Ivan Correia e piano como Robério Molinari e Daniel Augusto. Não bastasse, o inquieto Ricardo estudou canto com Neide Ziviani, Celinha Braga, Paula Santoro e Felipe Abreu.

Dando calço às palavras proferidas por Milton Nascimento em "Nos Bares da Vida", foi se apresentar em casas noturnas e eventos da capital mineira, com os grupos Sambalaio, Cordão da Saideira, Zine. Som, Aparelho e Mulamavela. E não só. Participou (e participa) de gravações com uma série de profissionais de "responsa".

Cursa composição na UFMG, onde se formou jornalista e mestre em História da Música Brasileira. É professor e orientador de História da Música Popular Brasileira, Produção Executiva e de Paisagens Sonoras na PUC Minas.

Agora, Ricardo Frei dá outro passo com o lançamento de seu primeiro disco de carreira, incentivado por amigos como a já citada Paula Santoro, que classifica a voz do amigo como "potente e doce ao mesmo tempo". "Que este álbum seja o primeiro de muitos sucessos", diz ela, que participa da faixa "Fotografia" (a também já citada participação de Sérgio Santos está em "Cantoria", composta por ele com Paulo César Pinheiro, e até então inédita).

No cômputo geral, a preocupação com a palavra é o que faz com que ele goste tanto do palco - que, segundo Ricardo, encerra a dimensão e a verdade humana. "A fulgacidade do palco me sensibiliza", diz ele.

Em tempo: no disco, Ricardo Frei conta com o auxílio luxuoso de músicos como Lucas Telles (violões e direção musical), Léo Pires (bateria), Bruno Vellozo (contrabaixo elétrico e acústico), Harrison Santos (sax tenor), Luísa Mitre (piano e acordeon), Abel Borges (percussão), Léo Eymard (viola caipira), Marcelo Chiaretti (flautas) e Pablo Passini (guitarras). No show de logo mais, além de Telles, Pires, Vellozo, Harrison, Luíse e Abel, Ricardo vai contar com Rogério Delayon (dobro, violões e guitarras).

Serviço

Ricardo Frei - Lançamento de "Fora da Asa". Nesta quinta (9), às 20h, no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec (rua dos Carijós, 258, Praça Sete). Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia). À venda na bilheteria do teatro ou pelo Compre Ingressos: 2626-1251 / site: compreingressos.com. O teatro não tem convênio com estacionamentos próximos. 

* Colaborou Cássio Leonardo