“Discurso do Coração Infartado” mostra ator cômico que sonha viver personagem de Shakespeare

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
05/03/2013 às 14:52.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:35
 (Ricardo Alves Jr./Divulgação)

(Ricardo Alves Jr./Divulgação)

Atriz revelada no núcleo de formação do grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, um dia Silvana Stein decidiu radicar-se em Belo Horizonte. Buscou razões estritamente teatrais para isso: em gozo de férias, aqui tomou conhecimento das inscrições para o elenco do Oficinão de 1999 e decidiu ficar.

Doze anos após uma mudança tão importante, a atriz retoma uma pesquisa na qual se empenha também há bastante tempo: ela assume outro personagem masculino, desta vez em “Discurso do Coração Infartado”, solo que ocupa uma das salas do complexo Funarte MG, de hoje (5) até 17 de abril, apenas às terças e quartas.

Profissional de variados recursos, sempre disposta a aprofundar-se no que se compromete, Silvana disponibiliza todo o seu sólido vocabulário no gênero teatro físico para materializar Gregório. Maduro, ensimesmado, uma vida cercado por artes, o personagem é ator cômico e se encontra em sua própria casa, de noite, período que a cena nos descreve. Sonha finalmente interpretar seu Hamlet, a grande criação de Shakespeare. Talvez agora tenha chegado a devida hora pela qual é apaixonado há tanto tempo.

Obra

Escrito e dirigido pelo cineasta mineiro Ricardo Alves Jr., o espetáculo obteve recursos do Fundo Municipal de Cultura e foi longamente concebido entre atriz e diretor: “Somos muito amigos e temos muitos pontos de vista em comum sobre vida e arte. Admiro muito sua relação com o teatro e o cinema e gosto muito dos filmes que ele realizou. Sempre nos prometemos realizar um espetáculo algum dia. Até realizarmos este”, situa Silvana, além de uma fértil carreira como atriz e diretora, prestou bons serviços a alguns dos principais núcleos de formação teatral de BH e Ouro Preto como professora de expressão vocal e domínio corporal.

Antes de Gregório, Silvana já havia interpretado personagens masculinos em “A Humanidade Dele”, cena curta que ela mesma elaborou, dirigiu e interpretou para o primeiro Festival do gênero, no Galpão Cine Horto. Também fez o Deus de “No Início era o Princípio”, espetáculo clownesco de Bete Penido, dirigido por Mariana Muniz.

“Me interesso muito por este estudo de um corpo feminino que acolhe um personagem masculino. Me permito investigar como ele se move, como se percebe, com que sensibilidade faz contatos com o mundo”, resume.

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