Discussão sobre política internacional foi destaque na Flip 2014

Leida Reis - Enviada Especial
03/08/2014 às 16:17.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:38
 (Walter Craveiro/Flip/Divulgação)

(Walter Craveiro/Flip/Divulgação)

PARATY - Na edição deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a política internacional foi protagonista. Espionagem americana, as mortes na Faixa de Gaza, a expulsão de um diplomata chileno, à época de Salvador Allende, de Cuba, o narcotráfico tomando conta do México a despeito das ações governamentais e as manifestações no Brasil como resistência à corrupção. Escritores de várias partes do mundo passaram mensagens de paz e elogiaram o povo brasileiro por ir às ruas pelos seus princípios e direitos.   A festa literária mais importante do país - uma vez que as bienais são conhecidas pelo espírito comercial, deixando em segundo plano as discussões da literatura e seus efeitos - terminou neste domingo (3) com público de 27 mil pessoas na cidade. No ano passado foram 25 mil. Os acessos à tenda principal ficaram 30% superiores aos do ano passado. O diretor da Flip, Mauro Munhoz, destacou a democratização do evento neste ano, em que o tradicional telão com transmissão das mesas foi desmembrado em dois, um na Praça da Matriz, outro atrás da Tenda dos Autores, desta vez abertos ao público.    Moradores de Paraty e turistas em busca de praia ficaram mais integrados à Flip. "Tinha gente de biquini assistindo às transmissões, gente com cadeira de praia; a cidade se integrou mais ao evento", disse Munhoz.   O curador Paulo Werneck, filho do escritor Humberto Werneck, se dedica agora à pós-Flip, levando alguns escritores estrangeiros para debates no Rio de Janeiro e em São Paulo. E meio às discussões de política internacional das mesas, ele destacou a fala do escritor israelense Etgar Keret. "Ele veio num momento de guerra, em que o seu país, apesar das defesas que são feitas, assume uma atitude agressiva, e mostrou o que é o papel do escritor. Não tomou partido, mas veio como homem ponderado tentando nos dizer o que está acontecendo (na Faixa de Gaza)".   Na coletiva de encerramento da Flip, os organizadores destacaram os efeitos do evento na vida dos cidadãos de Paraty, especialmente crianças e adolescentes. No ano da primeira edição, em 2003, havia na cidade três bibliotecas e dez anos depois eram 30, com um acervo de mais de 30 mil livros. A biblioteca da Casa Azul, empresa responsável pela Flip, está sediada na Ilha das Cobras, bairro de periferia de Paraty, cidade que ocupa o terceiro lugar em índice de violência no Estado do Rio de Janeiro.    Neste domingo, enquanto a atriz Fernanda Torres e o escritor peruano Daniel Aragón se preparavam para começar o debate sobre suas obras, politicias miliares perseguiam um carro, exibindo armas do lado de fora da viatura, deixando pessoas assustadas. Apesar do incidente, o clima permaneceu festivo e tranquilo na cidade, nos cinco dias da festa literária.   Diversas homenagens foram feitas a Millôr Fernandes, com exposições, debates inclusive na programação paralela, intervenções e leitura das famosas frases sarcásticas e geniais do autor. O homenageado da Flip de 2015 será definido dentro de três meses. 

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