Documentário critica ação para tirar grafite da rua

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
12/05/2014 às 06:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:32
 (Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia)

(Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia)

Em 2008, a Prefeitura de São Paulo deu início a uma grande operação para tirar outdoors e propagandas irregulares das ruas das cidade, tendo ainda como alvo as pichações nos muros, boa parte delas apagadas com tinta cinza.   Essa limpeza representou também a perda de uma das maiores expressões artísticas de São Paulo: o grafite. “Foi uma espécie de cala-boca contra aqueles que tinham opinião contrária ao governo”, ressalta Marcelo Mesquita.   Ele é, ao lado de Guilherme Valiengo, um dos diretores do documentário “Cidade Cinza”, lançado na plataforma Video On Demand (VOD). O filme reflete uma época em que trabalhos de grafiteiros de nome como Os Gêmeos e Nunca desapareceram das paredes.   VOZ DA PERIFERIA   “Foi uma forma de cercear a liberdade de expressão e o filme pega pesado em relação a isso. É preciso entender que o grafite é a voz da periferia de São Paulo, onde a violência e a falta de lazer são os grandes problemas”, destaca Mesquita.   O cineasta ressalta, porém, que a discussão foge à questão partidária. “Não é o caso de culpar esquerda ou direita. Não é a primeira vez que acontece. O que importa no filme é a questão social, do grafite como algo que nasce transgressor”, registra.   Apesar do status artístico que desfruta nos dias atuais, o realizador assinala que o grafite não abandonou a sua vocação da rua. “Os Gêmeos pintam para o MoMa, em Nova York, mas continuam grafitando em becos e embaixo de pontes. E de graça”.   Mesquita contesta o “dinheiro estúpido” gasto para apagar as pichações. “Imagine o que foi gasto em tinta, gasolina e pessoal nas 32 subprefeituras de São Paulo durante um ano? Poderiam ter investido em saúde e educação”, lamenta.

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