(Juninho Mota)
Arte e vida misturadas com um pé no passado, direto da adolescência do artista. A opressão do Estado que sufoca o cidadão, a gente comum em seu dia a dia, com o excesso da proibição e da obrigatoriedade dos anos de chumbo. É assim que, o artista plástico Miguel Gontijo, 62 anos, através de sua pintura, percorre uma trajetória de 50 anos. Ele vai de 1964, por meios de seus cadernos escolares, e chega a 2014, enquanto Ângelo Issa reflete as relações nem sempre amistosas, quase sempre conflituosas, entre o Estado e nós, pobre mortais.
Tais mostras instigantes poderão ser conferidas a partir desta terça-feira (8) no Cine Theatro Brasil Vallourec. A curadoria é de Robson Soares.
As exposições acontecerão em espaços distintos: Ângelo Issa apresentará suas obras no quinto andar e Miguel Gontijo no sexto do mesmo endereço.
Em “Bibliotheca”, tema de sua exposição, Miguel Gontijo percorre meio século de vida. “É uma interferência entre aquele garoto e o senhor”, analisa sobre si próprio. “É a tentativa de me encontrar como pessoa, cidadão e como artista diante do mundo e da vida”, filosofa.
Inquietude
Ângelo Issa, através de sua exposição de pinturas intitulada “Sentido Obrigatório”, faz crítica ácida ao Estado. “É uma reflexão sobre duas coisas: o excesso de leis e a juventude, que, ao chegar à maioridade, passa a conviver com proibições e obrigatoriedade. O voto é obrigatório, por quê? Devia ser um direito de escolha”, alega o artista, incomodado com esse “cerco” às liberdades individuais.
Exposições de pintura de Ângelo Issa e Miguel Gontijo no Cine Theatro Brasil (rua dos Carijós, 258 – 5° e 6° andares, Centro) desta terça-feira (8) a 11 de maio. De terça a sábado de 13h às 21h e domingos de 14h às 20h. Entrada gratuita.