Dona Onete traz para BH show de culinária e apresenta canções do novo disco

“Um abraço, BH. Estou chegando”, avisa a bem-humorada Dona Onete. Rainha do carimbó, a cantora e compositora paraense, de 80 anos, desembarca hoje na capital mineira com o espetáculo inédito “A Cozinha Maravilhosa de Dona Onete”. No palco, prepara pratos típicos da culinária paraense enquanto conversa com o público.

O formato inusitado do show surgiu quando Dona Onete se apresentava em Londres, na Inglaterra. “Era um festival muito grande e todos os países representados tinham que mostrar a culinária típica. Fiz uma moqueca de peixe com arroz branco”.
A ideia também chegou ao outro lado do mundo, quando a turnê passou pela Austrália e Nova Zelândia. Com uma caldeirada de peixe, Dona Onete conquistou os neozelandeses pelo estômago. “Comeram, gostaram e ficaram querendo saber a receita”, lembra. 

O sucesso por onde a turnê passou faz Dona Onete torcer para que o formato seja apropriado por outros artistas. “Acho que no Brasil nunca teve isso Para manter o êxito da empreitada, a cantora promete caprichar no menu para BH. Para o público mineiro, Dona Onete vai preparar e servir uma “Peixada do Molho Caboclo”. Na sobremesa, um “Pudim Parauara”. 

Além da preparação dos pratos, o show de Dona Onete é recheado de conversa. Enquanto a artista cozinha, conta histórias. “Falo muito. Quem for vai ouvir muito sobre a minha cidade e também sobre Belo Horizonte”, garante. 

Música

A passagem de Dona Onete pela capital não se encerra com o espetáculo gastronômico. Amanhã, a paraense sobe ao palco do Grande Teatro do Sesc Palladium para mostrar outra especialidade: a música. No show “Rebujo”, a Rainha do Carimbó mescla canções do disco homônimo, lançado em maio deste ano, e do álbum “Banzeiro”, de 2016. 

A união das duas obras tem motivo: a correria da agenda de Dona Onete, que se prepara também para comandar o show “Pará Pop”, na edição de 2019 do Rock in Rio. “Não estamos tendo tempo de ensaiar todas as canções do disco, então vamos apresentar algumas músicas do novo e outras do anterior”, explica.

Carreira

Apesar de sempre ter tido a música como parte da vida – Dona Onete tem mais de 300 composições –, a paraense lançou o primeiro disco apenas em 2012, aos 73 anos. “Eu já estava mexendo tanto com a cultura paraense que não tinha mais como parar”, confessa a artista, que explora os ritmos e a cultura do Estado nas canções. 

Professora de história durante 25 anos e secretária de Cultura de Cachoeira do Arari, sua cidade natal, Dona Onete destaca a importância de levar para o palco a cultura do Pará. 

“Tenho isso como um dever com o meu país e com o o meu estado. Devo isso ao Pará”, afirma. “Muitos artistas costumam se esquecer de onde vieram em alguns momentos da carreira. Mas eu não esqueci onde nasci. Já tive convite para morar fora do Brasil, fora de Belém. Mas não quero. Deixa eu ficar na minha cidade”. 

“A Cozinha Maravilhosa de Dona Onete”, nesta quarta (3), às 20h, no Distrital – (Rua Opala s/n – Cruzeiro). Ingressos: R$ 90 (individual) e R$ 160 (casal). Show “Rebujo”, quinta (4), às 21h, no Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420 – Centro). Ingressos de R$ 20 a R$ 60.