Eduardo Dussek crava seu voto no humor romântico

Raphael Vidigal - Hoje em Dia
25/02/2013 às 11:31.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:20
 (Carol Beiriz)

(Carol Beiriz)

Há sete anos em cartaz, o espetáculo "Sassaricando" ocupa, atualmente, o palco do Centro Cultural João Nogueira, situado no Méier, zona norte do rio de Janeiro. A localização geográfica, aliás, é motivo de alegria entre os atores – e de um, em particular. "O subúrbio é o principal responsável pela sobrevivência do carnaval de rua", afirma o carioca Eduardo Dussek.
 
A experiência, por sinal, tem lhe proporcionado um reencontro com as origens. "Nasci em Copacabana, mas fui criado na Tijuca e sempre frequentei carnaval de periferia. Adoro a animação suburbana, típica das grandes agremiações, escolas, blocos, como o ‘Bafo de Onça’, ‘Cacique de Ramos’ e outros", frisa.

Portugal

Antes de aportar no Méier, "Sassaricando" passou por várias cidades do país (como Belo Horizonte) e percorreu plagas internacionais, chacoalhou confete e serpentina até ante os colonizadores brasileiros. E a receptividade em Portugal parece ter sido a melhor possível: "Cantei ‘Cidade Mulher’, do Noel Rosa, com forte sotaque aportuguesado, e ao final, troquei a palavra ‘Corcovado’ por ‘Chiado’ (bairro cultural de Lisboa). O público veio abaixo!".

O que não é propriamente uma novidade na biografia de Dussek, condutor de uma carreira que, mesmo não cedendo a fórmulas prontas, totaliza 30 anos de sucesso.

Embora ilimitado, o campo em que Dussek sempre transitou manteve certos parâmetros, como aliar humor, música e teatro. Como defini-lo, pois? Cantor, comediante ou ator? "Posso dizer que Lamartine Babo, um dos mais debochados autores que o Brasil já produziu, meu ídolo maior, é um grande compositor romântico!", responde.

Ele próprio se afirma "um palhaço". "E, como tal, também faço música romântica – afinal, o circo nasceu na ‘Commedia dell’arte’". Outros conhecimentos históricos norteiam a explicação para as raízes de sua arte: "a música popular brasileira nasceu nos becos do Império e início da República e nos teatros musicados de variedades. Nos dois ambientes prevalecia a sátira".

Tradição

Seja como for, Dussek tem seu nome inserido entre os grandes da "música de gozação brasileira". Caminho que teria se iniciado com Donga, Sinhô, Lamartine Babo, Noel Rosa e Almirante. Na sequência, passou por Billy Blanco, Moreira da Silva, Adoniran Barbosa e Juca Chaves, tendo sido renovado por Rita Lee, Os Mutantes e Raul Seixas.

Sambistas do porte de "Bezerra da Silva e artistas populares, como Genival Lacerda" trataram de dar mais caldo à cena, que chegou a "cair" nas graças de "roqueiros moderninhos da Blitz, Joelho de Porco, Premeditando o Breque, Léo Jaime e Os Miquinhos Amestrados".

Convívio de peso

Intérprete aguçado das dores de amores capazes de desembocar em dramalhões – que despertam o riso nos que assistem de fora à história –, Eduardo Dussek teve seu primeiro trabalho profissional como pianista de Marco Nanini, "um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos!". No currículo, constam os cinco anos na companhia da atriz Camila Amado, onde foi colega de Marieta Severo, André Valli, Wolf Maia e Antônio Pedro.

Colaborou, também, com Miguel Falabella, Vicente Pereira, Mauro Rasi e Luis Carlos Góes, que se tornou parceiro em músicas como "Quero Te Beber No Gargalo", "Folia no Matagal", "Barrados no Baile" e "Aventura".

Vaias e aplausos

Composições colocadas em alta rotação por vozes de respeito (além da dele), como Ney Matogrosso, Dussek elege o convívio com "artífices da comédia nacional", como base indispensável ao rigor e critério aferidos. "Me ensinaram que humor sem fundamento não sobrevive, fica datado e se esvai. É preciso profundidade mesmo, verdade e sentimento".

Após surgir na cena BRock que despontava para os refletores na década de 80, principalmente em razão do álbum conceitual "Brega Chique", Dussek recebeu vaias do intolerante público do "Rock In Rio" 1985, sendo confortado pelos colegas do Barão Vermelho. E especializou-se, a partir dos anos 90 e 2000, em compor trilhas de novelas e filmes. Veio, então, o convite para o cinema, em 2010, no papel do traficante Beque, em "Federal", de Erik de Castro.


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