Em 'Marimbaia', Leandro César dá vazão musical à criação de instrumentos

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
17/06/2017 às 16:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:08
 (Marco Antônio Gonçalves/Divulgação)

(Marco Antônio Gonçalves/Divulgação)

Ao visualizar e tatear a capa de “Marimbaia” é possível concluir, logo de cara, o esmero artesanal com o qual Leandro César trata suas criações. Assim como as marimbas que constrói ou os distintos timbres que alcança, o primor estético do disco (totalmente feito à mão, com estrutura de madeira) é fruto de uma experimentação meticulosa e delicada. 

Vindouro da escola de Uakti e Walter Smetak, o mineiro se aventura, desde 2007, pela composição musical e a criação de esculturas sonoras e instrumentos – em especial as marimbas, foco de seu trabalho composicional. Foi dessa jornada inventiva que surgiu “Marimbaia”, seu primeiro registro solo.

Com dez faixas autorais, o trabalho nasceu em 2014, a partir da vontade de construir uma série de marimbas que pudessem soar em conjunto. “Eu já vinha trabalhando num processo de pesquisa onde procurava esses distintos materiais para as marimbas, e convidei os músicos Felipe José, Edson Fernando, Yuri Vellasco e o José Henrique Viana”, relembra Leandro César. 

“Preparamos o repertório e levamos essas músicas ao palco. Fomos gravar mais de um ano depois, então os shows que fizemos nesse tempo deram maior segurança e liberdade na hora de gravar”.

A rota inversa fez com que o artista chegasse ao estúdio já com quase tudo pronto, com exceção da canção “Tão perto, tão distante”, desenvolvida totalmente dentro do estúdio. “O disco foi gravado no estúdio do Alexandre Andrés, na Fazenda das Macieiras, em Entre Rios de Minas. Passamos dez dias por lá, o que proporcionou um isolamento por estarmos num ambiente rural e numa condição de concentração muito diferente da cidade”, ressalta Leandro César. 

O artista afirma que as marimbas são o eixo central do disco, mas que também há outros instrumentos exóticos. “Tem a ‘Mesa’, que é uma marimba invertida, tocada na parte do fundo, uma caixa de madeira percutida, que oferece o recurso de glissando. O ‘Chori’, que é um instrumento de cordas friccionadas desenvolvido pelo Smetak, que eu fiz um com forma e sonoridade bem particular. 

O ‘Unicordio’ que é um instrumento desenvolvido pelo Marco Antônio Guimarães”, elenca. “Na verdade, o timbre é o parâmetro principal do meu trabalho. É como se fossem cores e diferentes materiais que se pode usar para pintar uma tela”.

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