Em novo disco, Thiago Delegado leva os sambas da ‘DelegasCia’ para o estúdio

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
24/04/2018 às 16:54.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:30
 (Renata Chamilet/Divulgação)

(Renata Chamilet/Divulgação)

"Sambetes são esses sambas menorzinhos, com espaço para a improvisação”, explica o violonista mineiro Thiago Delegado sobre o batismo de seu novo rebento musical, que ele lança amanhã no Teatro Bradesco. “Sambetes Vol. 1” foi gravado em um estúdio na histórica cidade de São João del-Rei, no interior de Minas Gerais. A escolha pelo local do registro é significativa: o espaço é o único do Estado a gravar com tecnologia totalmente analógica – o que coloca em cena um processo que envolve vinis e fitas K7. “É um lugar onde você não pode controlar tanto como em um estúdio mais moderno”, explica Delegado. “Ele traz aquela atmosfera mais antiga, que eu acho que acabou acrescentando muito para o disco”, pontua.

Não é por acaso que o músico destaca a importância desse formato de gravação. As inspirações levadas para o álbum carregam também uma temporalidade nostálgica. “O disco traz mais influências dessa galera da ‘antiga’”, confessa ele, citando nomes clássicos da música brasileira como João Donato e Roberto Menescal como chaves importantes para entrar no álbum.

Este último, personalidade forte e essencial para a Bossa Nova, foi uma referência central para o trabalho. “O disco veio da convivência que eu tive com o Menescal. Fizemos alguns shows juntos e o Christiano Caldas (músico que toca com Delegado) disse que deveríamos fazer um álbum com a mesma pegada e achei que era uma boa ideia”, lembra ele, que celebra o músico carioca logo na abertura do trabalho, com a música “Sambete do Menexca”.

Mas não é só de nostalgia que “Sambetes Vol. 1” é construido: questões contemporâneas também ganham espaço no álbum. Na música “Garoto Matheus”, a única com letra, Delegado faz referência, em tom de resposta, a uma ameaça que o colega Matheus Brant recebeu durante o carnaval de 2017. Na época, um morador enviou uma mensagem ao músico relatando seu incômodo com o bloco “Me Beija Que Sou Pagodeiro”, liderado por Brant, gerando grande polêmica.

Ainda sobre amizades e parcerias, “Sambetes Vol. 1” reúne em estúdio a turma que colabora semanalmente na “DelegasCia”– projeto de música instrumental onde ele toca ao lado dos músicos Christiano Caldas, Aloizio Horta e André Limão Queiroz. “É uma formação que já tem uma cumplicidade, uma amizade”, destaca o violonista. “O disco é exatamente aquilo que eu venho tocando hoje em dia. É meu primeiro trabalho a girar em torno de um estilo, de um ambiente. É um trabalho despretensioso, mais orgânico e natural”, acrescenta.

Quanto à possibilidade de continuar no caminho dos “sambetes”, ele adianta a suspeita já intuída no título do novo disco: há o desejo de um outro volume. “São sambas muitos legais. Gosto de compor e tocar música nesse estilo, é uma linha que quero seguir mais para frente”, diz.

Serviço: Thiago Delegado lança “Sambetes Vol. 1”, amanhã, às20h30 no Teatro Bradesco (rua da Bahia, 2244 – Lourdes). Ingressos R$ 40 (inteira), 20 (meia)

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