Empresa holandesa busca voluntários para "reality show" em Marte

AFP
23/04/2013 às 14:59.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:04

NOVA YORK - A organização holandesa sem fins lucrativos "Mars One" lançou uma convocação para que voluntários apresentem suas candidaturas para uma viagem só de ida ao planeta vermelho em 2022, onde participarão de um "reality show", anunciou a companhia em uma entrevista coletiva celebrada em Nova York.

Todo mundo pode se candidatar, mas com as condições de ser maior de 18 anos e falar bem inglês.

No total, a "Mars One" busca 24 voluntários ou seis grupos de quatro de diferentes nacionalidades, que farão a viagem de ida com dois anos de intervalo, sendo a primeira partida prevista a partir de 2022.

A organização aposta na cobertura midiática do projeto para angariar recursos e financiar boa parte da missão.

As principais qualidades esperadas dos candidatos são "capacidade de adaptação, tenacidade, criatividade e compreensão dos outros", enumerou Norbert Kraft, diretor médico da 'Mars One'.

Os quatro primeiros voluntários deverão pousar em Marte em 2023, após uma viagem de sete meses. Sua chegada e seus primeiros passos para tentar montar uma colônia no planeta vermelho dará lugar à exibição de um 'reality show', explicou o holandês Bas Lansdorp, co-fundador da 'Mars One', durante a entrevista coletiva.

"O objetivo da 'Mars One' é levar os seres humanos a Marte. Precisamos do interesse do mundo para fazer isto acontecer", explicou Lansdorp.

"Diferentemente da cobertura televisiva dos Jogos Olímpicos, a 'Mars One' pretende manter o interesse da mídia mundial de forma duradoura após a seleção dos astronautas, seu treinamento, lançamento e chegada a Marte", explicou Bas Lansdorp.

A empresa já recebeu "10.000 e-mails de pessoas de mais de cem países diferentes interessadas nesta missão", acrescentou.

A primeira rodada de candidaturas online se estenderá até 31 de agosto próximo. Especialistas da 'Mars One' elegerão os aspirantes a astronautas que continuarão na disputa.

Em seguida, cada país escolherá um candidato e finalmente restarão entre 24 e 40 pessoas que serão treinadas para a missão.

Sem o retorno, os custos da viagem diminuem consideravelmente e a primeira missão, com quatro astronautas, é estimada em seis bilhões de dólares, explicaram os encarregados da 'Mars One'.

"Parece um montão de dinheiro. E na verdade é um montão de dinheiro. Mas imagina o que vai acontecer quando as primeiras pessoas pousarem na superfície de Marte. Todo mundo vai querer ver", entusiasmou-se Landsdorp.

Este projeto tem provocado muito ceticismo, mas recebeu o apoio do cientista holandês Gerard't Hooft, ganhador do Nobel de Física em 1999, presente na coletiva.

"Ainda sou cético, devido aos contratempos e complicações, mas isto é tecnicamente possível", disse Hooft aos jornalistas.

Até agora só foram realizadas duas missões não-tripuladas, com robôs enviados a Marte, ambas gerenciadas com sucesso pela Nasa. A última está em andamento, avaliada em 2,5 bilhões de dólares. O protagonista é o veículo-robô Curiosity, que pousou no planeta vermelho em agosto de 2012.

O projeto da Mars One traz vários desafios. Além da impossibilidade de os astronautas voltarem à Terra, eles terão que viver em pequenos habitats, encontrar água, produzir o próprio oxigênio e cultivar seus alimentos em um ambiente hostil.

Marte é um grande deserto com sua atmosfera constituída, sobretudo, de dióxido de carbono e onde a temperatura média é de 63 graus Celsius negativos.

Os astronautas também deverão suportar radiações cósmicas perigosas durante a viagem. Por fim, ainda não há um foguete e uma cápsula para transportar os voluntários.

Mas para os membros da 'Mars One', o maior risco é o financiamento, afirmou Lansdorp, o que não impede que a organização sonhe alto.

"O objetivo de longo prazo é ter uma colônia permanente, não só mandar gente para lá", afirmou Norbert Kraft, diretor médico do programa.

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