(Felipe Ludovice/divulgação)
Se historicamente poesia e música flertam entre si, para Enzo Banzo essa relação é ainda mais estreita. Conhecido como cantor e compositor por seu trabalho com a banda Porcas Borboletas, o mineiro também é mestre em Letras e poeta, com livro lançado (“Poesia Colírica”, de 2014).
Agora, em “Canção Escondida”, seu primeiro disco solo, Banzo solidifica as relações entre as duas linguagens que o acompanham. O disco será lançado em Belo Horizonte nesta sexta-feira, em um show gratuito no Sesc Palladium.
Com 11 faixas, “Canção Escondida” agrupa poemas musicados de autores de diferentes estilos e gerações. “Às vezes, estou lendo um poema e me ocorre uma música. Deixo a poesia me revelar a canção. Daí o nome do disco”, explica o artista. "Não foi de forma planejada. Tem poema que eu musiquei há 15 anos”, diz.
O resultado foram canções que partiram de poemas de Luís de Camões, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes, Alice Ruiz, Danislau, Marcelino Freire, Clara Averbuck e Cleusa Bernardes. “Camões e Drummond foram os mais ousados, já que não estão tão próximos do universo da canção”, afirma Banzo. “A música de Camões, depois de pronta, ficou super atual. Mesmo sendo um soneto do século XVI, trata de uma temática universal, que é amor, assim como a de Drummond”.
Já os outros autores são do universo atual de Enzo Banzo. “Leminski, Arnaldo e Alice são poetas que leio desde os anos 80. Marcelino Freire é um poeta contemporâneo que gosto muito. E têm os parceiros, o Danislau, que me acompanha no Porcas Borboletas há muitos anos; a Clara Averbuck, com quem tenho um trabalho junto e que participa do show; e a Cleusa Bernardes, que é minha mãe”, explica Banzo.
Para o artista, “Canção Escondida” traz uma unidade estética que quebra a ideia de que poesia é “para poucos”. “É um disco feito a partir de poesia, mas é um disco de canção”, afirma, lembrando a produção musical de Saulo Duarte. “O desafio era criar arranjos que deixassem canto e texto em primeiro plano, mas que tivessem uma gostosura sonora. No fim das contas, é um disco fácil de assimilar, bom de ouvir, que brinca com vários estilos. Estão ali todas as histórias, mas também é possível ouvi-lo sem legenda”.
Serviço: Enzo Banzo apresenta “Canção Escondida”. Sexta-feira, às 20h, no Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420, Centro). Entrada franca.