Escritora Marina Colasanti debate coisas da vida e do mundo

Paulo Henrique Silva
14/07/2019 às 15:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:32
 (Fernando Rabelo/divulgação)

(Fernando Rabelo/divulgação)

Marina Colasanti “culpa” o produtor cultural Afonso Borges pelo tema da palestra que dará nesta segunda-feira (15), no Palácio das Artes, parte do projeto “Sempre um Papo”, que contará ainda com dois lançamentos da escritora. Segundo Marina, “Coisas da Vida e do Mundo” soaria pretensioso demais se partisse dela mesma. 

“É um pouco grande demais, não?”, diverte-se a autora, ressaltando a intensa cumplicidade com Borges, que vem desde os tempos do Cabaret Mineiro, extinta casa de shows de BH que foi um dos primeiros palcos do “Sempre um Papo”, há cerca de 20 anos. “Não falta assunto entre nós dois”, destaca.

Esposa do escritor mineiro Affonso Romano de Sant’Anna, ela comemorou recentemente os 50 anos de sua primeira obra, “Eu Sozinha” (1968). De lá para cá, enveredou por poesia, crônica, mini-contos e literatura infanto-juvenil. Como editora de comportamento da revista “Nova”, foi uma das primeiras vozes a falar de questões de gênero. 

“Não era algo comum naquela época”, lembra Marina, referindo-se à segunda metade da década de 1970. “Havia dois públicos: o da ‘Cláudia’, que era bem família e tradicional, do gosto de Bolsonaro, e o da ‘Nova’, de viés liberal e feminista. Até hoje encontro leitoras que, jovens naquele tempo, me dizem que roubavam a revista da mãe para ler”, registra.

Luta

Marina diz que sempre teve orgulho da feminilidade. “Sempre achei que as mulheres podem tudo. Elas tinham que ir à luta e buscar o seu lugar no mundo”, reforça a escritora, que enxerga na presença de um pensamento conservador nas esferas de poder a oportunidade de vislumbrar uma quarta onda feminista. “Temos tantas questões de gênero aflorando...”, observa.

Razão para que ela não veja um retrocesso com o incentivo aos valores tradicionais pelos partidos de direita. “Uma coisa são os governos. Outra coisa, as pessoas”.

Marina avalia que as ideias da ministra Damares Alves ( à frente da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), para quem os meninos devem vestir azul e as mulheres rosa, não exercem qualquer influência, a não ser para quem pensa como ela. “As negras, por exemplo, não estão mais alisando o cabelo, deixando-o num estilo afro. Isso é muito bonito”, pondera. 

Com mais de 60 publicações (“Não são 50, como já li na internet. Sempre me roubam dez”, frisa), Marina Colasanti lançará no “Sempre um Papo” os livros de contos “Hora de Alimentar Serpentes” e “Quando a Primavera Chegar”. Para este ano ainda, ela tem outros dois livros saindo do forno.

SERVIÇO
“Sempre um Papo com Marina Colasanti” – Hoje, às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1537). Entrada franca.

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