Espanca! faz teatro de rua com o espetáculo 'Passarão'

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
08/06/2017 às 10:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:59
 (Pablo Leonardo/Divulgação)

(Pablo Leonardo/Divulgação)

Incrustada no coração do hipercentro de Belo Horizonte, a rua Aarão Reis é, hoje, referência para os movimentos culturais e de militância da cidade. O endereço tornou-se icônico após os adventos socioculturais do Duelo de MCs, no viaduto Santa Tereza, e do carnaval de rua, cujo reflorescimento se deu logo ao lado, na “praia” da Estação. Também passaram por ali as extintas casas Nelson Bordello e Baixo Centro Cultural, que foram vizinhas à outra pérola da resistência cultural mineira: a sede do Grupo Espanca!.

As histórias de luta, arte e afetividade que tangem a emblemática rua inspiraram a criação de “PassAarão”, nono espetáculo – primeiro de rua – da premiada companhia teatral. Em formato de cortejo, a peça estreia hoje, às 16h, saindo da Rua Sapucaí, em frente ao número 429. Com um elenco formado por nove atores, o espetáculo convida o público a interagir com a rua e seu entorno.

Além do primeiro trabalho de rua do Espanca!, esse é o primeiro espetáculo dirigido por Aline Vila Real, produtora do grupo. “Desde que viemos para cá, há sete anos, temos vontade de reverter em criação toda a convivência com esse espaço”, afirma. “O nome do espetáculo vem da nossa primeira observação sobre a rua. É um lugar de passagem, de ebulição e construção, que leva o nome do arquiteto e urbanista que projetou a cidade. E, hoje, também é um lema de militância, que compreende as lutas contra o racismo, a homofobia e o machismo”, completa.

Vila Real conta que os artistas em cena são outra novidade. “Cada integrante do Espanca! coordenou um núcleo de criação que podia explorar diferentes linguagens que partissem da ideia central de lançar um olhar poético sobre a rua Aarão Reis”, conta a diretora. “Convidei nove artistas que fizeram parte desses núcleos para compor o elenco e chamei o Allan da Rosa para pensar a dramaturgia comigo. Ele também conviveu muito com a rua e com as pessoas desse elenco. Partimos da pergunta: ‘O que a gente quer falar dessa rua e com essa rua?’”, completa.

Homenagem

Além dos atores, o espetáculo tem um boneco gigante batizado de “Seu Dudrin”, criado e manipulado pelo grupo Pigmaleão Escu[/TEXTO]ltura Que Mexe. É uma homenagem ao morador de rua falecido em 2014, que se tornou amigo da trupe. Assim como Dudrin, Creia, mulher em situação de rua apadrinhada pelo Espanca!, também é homenageada em “PassAarão”.

“Queríamos fazer um trabalho em parceria com o Pigmaleão e vimos nesse espetáculo uma boa oportunidade. É uma homenagem a esse morador de rua que dormia na porta da sede e com quem tivemos uma forte relação”, afirma Vila Real. 

Serviço: Grupo Espanca! estreia “PassAarão”. Cortejos hoje, amanhã e dias 12, 13, 14, 16, 19 e 20 de junho. Sempre às 16h, saindo da Rua Sapucaí, 429. Gratuito. 

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