Faixa disponível nas plataformas de streaming antecipa o lançamento do álbum “Chama” (Eugenio Sávio/Divulgação)
O multi-instrumentista mineiro Paulo Santos, que fez parte do grupo brasileiro de música instrumental Uakti, acaba de lançar, nas principais plataformas de streaming, o single "Um Minuto e Três Segundos", faixa que antecipa a chegada do álbum "Chama'. A música pode ser baixada gratuitamente no Sesc Digital.
O veterano músico concebeu a ideia do disco ao acompanhar pela imprensa as notícias a respeito do sucateamento dos órgãos de defesa da floresta, da falta de proteção aos povos originários, do envenenamento dos rios e da devastação dos biomas brasileiros.
Essas notícias levaram o artista a uma profunda indignação com todo esse estado de coisas. "O trabalho tem esse sentido de falar do meio ambiente, da Amazônia, do Pantanal, pois para mim o Brasil é o 'berço do ar', que é também nome de uma das faixas do álbum. E ver tudo isso ser destruído me deu certa angústia", comenta Paulo.
Frente a um cenário em que quase 500 milhões de árvores foram derrubadas na Amazônia brasileira em 2021, numa sombria estimativa de 1059 por minuto, segundo dados do InfoAmazônia, a faixa composta para três instrumentos se apresenta como uma curta e mântrica contagem regressiva, onde a "Escama", instrumento desenvolvido por Paulo com tubos de PVC, ressoa ao lado de baixo e piano eletrônicos.
A criação e a gravação solitárias, iniciadas em casa, são também sinais dos tempos atuais. No álbum, Paulo toca todos os instrumentos, que vão da tabla indiana ao uso de samplers e texturas digitais que se destacam pela amplitude das variações timbrísticas, em um vivo diálogo entre o acústico e o eletrônico.
A proximidade com a música eletrônica, aliás, presente em diversas composições, dispensa a repetição exaustiva para fluir de maneira orgânica, expressando-se enquanto trilha sonora que tem como motivo a própria vida. “Estamos assistindo, passivos e impotentes, a destruição do nosso ecossistema. E é este o tema deste disco. É sobre algo que está em processo. Não sobre o passado. E sim, o nosso presente”, explica.
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