(Ricardo Bastos)
Quando Laura de Sá Ferreira nasceu, o Guns n’ Roses já não vivia mais o auge de seu sucesso radiofônico, mas ainda era amado por um público gigantesco – tanto que sua participação no Rock in Rio III, em 2001, contou com uma plateia superior a 200 mil pessoas. Hoje, graças à internet e aos CDs emprestados pelo pai, a adolescente de 14 anos pode compreender porque o grupo americano se tornou um dos maiores fenômenos da história do rock (com mais de 100 milhões de discos vendidos) e arrebatou corações de jovens por quase três décadas.
“A paixão nasceu quando ouvi, pela primeira vez, uma das músicas mais bonitas que escutei na vida, ‘November Rain’. Estava no carro com o meu pai e fiquei deslumbrada. A partir daquele momento, meu pai passou a me mandar coisas do Guns e fui me apaixonando”, conta Laura, que será uma das milhares de pessoas que devem lotar o festival “Planeta Brasil” para conferir o retorno da banda de Axl a Belo Horizonte.
A classificação etária do festival é de 16 anos, mas Laura poderá conferir a banda favorita de pertinho pela primeira vez porque estará acompanhada do pai, o fisioterapeuta Rogério Ferreira. E não é a primeira vez em que os dois estarão juntos para prestigiar um show “referente” ao Guns. Em novembro de 2012, pai e filha viajaram a Brasília para conferir a apresentação de Slash, o prestigiado guitarrista que deixou o grupo em 1996. “Achei impressionante. Ele é um dos melhores guitarristas do mundo para mim”, avalia Laura.
A adolescente começou a ter aulas de canto e já escolheu a música que irá interpretar em sua primeira apresentação: “Sweet Child O’ Mine” – clássico absoluto do álbum “Appetite for Destruction”, de 1987. “Eu sei que não vou assistir a um show como aquele de 1991, que não será o mesmo da fase antiga. Mesmo assim, ainda será muito bom. A banda continua com uma boa pegada”, diz a fã.
Mais de 12 horas em pé pelo Guns
Não é difícil encontrar pessoas que já tenham feito loucuras pelo Guns n’ Roses. O enfermeiro Henrique Coelho Cardoso, de 27 anos, é um bom exemplo. Em 2011, o rapaz conseguiu comprar o ingresso para o Rock in Rio, mas não se programou bem para a viagem ao Rio de Janeiro. Comprou as passagens de avião em uma promoção de uma companhia aérea, mas havia um hiato de três dias entre ida e volta. Como não conseguiu vaga em hotéis e pousadas (lotados por causa do evento), teve de ficar dois dias vagando pelo aeroporto após o show, à espera de seu voo para Belo Horizonte.
Mas isso foi só uma parte do drama. “Cheguei no dia anterior e passei a noite na porta da Cidade do Rock. Às 15h, os portões abriram e corri para ficar bem perto da grade. Ali fiquei durante todo o evento. Tive que ficar em pé, no meio de um aperto grande. Para complicar, choveu muito e o show do Guns atrasou. Começou às 3h da madrugada”, lembra Henrique, que não saiu de perto do palco nem para comer ou usar o banheiro. “Mas valeu a pena!”.
Mesma tatuagem
A paixão de Jefferson Gonçalves foi transformada em trabalho. O rapaz de 28 anos, que labuta em uma empresa de contabilidade, é o vocalista da banda cover Locomotive. “Comecei a imitar o Axl quando tinha uns 13 anos. Um dia, decidi cantar perto de uns amigos e um deles me convidou para um ensaio da banda dele, que tocava Guns n’ Roses. Eles gostaram e, desde então, fui me aperfeiçoando mais e mais em cantar e fazer o cover de Axl Rose”.
Com as mesmas cinco tatuagens de Axl Rose, Jefferson assistiu ao show do Guns quatro vezes: no Rock in Rio, em 2001 e 2011, e Belo Horizonte e Rio de Janeiro, na turnê de 2010. Agora vem a expectativa para o quinto show, no “Planeta Brasil”. “Espero que a banda toque algumas músicas que são consideradas lado B, como, por exemplo, ‘Bad Apples’, além da minha canção preferida, ‘Estranged”, diz Jefferson.
Evento conta ainda com B-Real, Frejat, Criolo e Natiruts
O Guns n’ Roses é a principal atração do “Planeta Brasil”, mas o evento vai muito além do grupo americano. Na programação, estão outras artistas internacionais – B-Real, do Cypress Hill, e Slightly Stoopid – e várias nacionais, como Criolo, Frejat, Raimundos e Natiruts. Minas Gerais é representada pela banda de garagem Chula Rock Band (vencedora de um concurso promovido pelo festival) e por Black Sonora e Preto Massa, que tocam juntos e convidam Wilson Sideral.
A infraestrutura do evento é adequada para receber 20 mil pessoas. São dois palcos para os shows – o principal fica próximo à avenida Abraão Caram, enquanto o Palco Planeta fica próximo à Escola de Veterinária – e outro montado no subsolo (setor G2) para celebrar os 11 anos do Deputamadre Club – neste, serão 12 horas de música eletrônica.
A previsão climática para este final de semana é de chuva para todo o sábado. Mas a notícia não deve desanimar a multidão que vai comparecer ao evento, já que será montada uma estrutura de 4.000 m² de área coberta, distribuída em várias tendas – inclusive na praça de alimentação, com capacidade para 1,6 mil pessoas sentadas.
Uma das novidades dessa quinta edição do “Planeta Brasil” é o Camarote Secreto, um espaço exclusivo montado dentro das dependências do próprio Mineirão. Quem pagar R$ 600 para ter esse acesso, terá buffet e bebidas liberadas e DJs exclusivos, que vão tocar até 2h da madrugada, para permitir uma saída mais tranquila do evento. Além de uma visão privilegiada para o Palco Rock, é claro.
O recomendado é que o público busque formas alternativas para ir ao evento, como transporte público, táxi e vans. Mesmo assim, as 2,5 mil vagas de estacionamento estarão abertas ao público. Não serão permitidas as entradas de guarda-chuvas, garrafas (nem mesmo de água), “camelback” e objetos pontiagudos. Saiba mais: festivalplanetabrasil.com.br.