(Nelsinho Faria)
Desde a virada do século Fátima Guedes não lançava um disco autoral. Mas sempre que colocava uma música nova nos shows, percebia uma boa receptividade por parte do público. Mas foi com a música “Ética” que ela percebeu que devia registrar as novas composições. “Foi um feedback instantâneo. Logo pensei: ‘puxa, está na hora de pensar em fazer um novo disco”.
Assim surgiu “Transparente” (Fina Flor), álbum de 14 músicas, 100% autoral, com a metade das faixas inéditas. O grande diferencial desse trabalho é o ar de superprodução que foi tomando no decorrer do processo – cada faixa ganhou um arranjador diferente, como Dori Caymmi, Cláudio Jorge, Gilson Peranzzetta e Bororó.
“Tive que lançar mão de um empréstimo para fazer o disco e dar toda liberdade para que os arranjadores pudessem chamar quem quisessem. No fim, participaram 47 músicos”, conta Fátima.
O álbum é uma homenagem ao produtor Paulinho Albuquerque, morto em 2006. Ele havia assinado a produção de quatro álbuns de Fátima e ela fez questão de instruir os arranjadores a trabalharem como se Paulinho estivesse presente também nesse processo.
“Ele tinha um padrão de qualidade altíssimo e essa homenagem deve buscar esse padrão. Vários de nós éramos muito amigos dele. Somos pessoas que sentem uma falta grande, afetivamente e profissionalmente”, afirma a cantora.
Mudança
“Transparente” é também o nome de uma música do disco feita sobre a volta ao Rio de Janeiro após morar por 15 anos em Tere-sópolis (serra fluminense). No fim das contas, esse também foi o momento de voltar para o mercado fonográfico e de ter um maior contato com o público. “Já estou planejando o próximo álbum, mas dessa vez feito de forma mais simples”.
Enquanto o futuro disco não sai, Fátima viaja pelo país divulgando “Transparente”. Mas com as músicas repaginadas. “Somos eu e dois instrumentistas e tivemos que decodificar todos os arranjos grandiosos do CD”, adianta a artista, que teve várias músicas gravadas por famosos.