(Flávio Charchar/Divulgação)
Em junho de 2020, os proprietários da casa de shows A Autêntica anunciaram um “até logo” – fechariam o espaço localizado na região da Savassi para reabrir, no pós-pandemia, “em outros lados da cidade”.
Passados 15 meses, o público já pode adquirir ingresso para a nova Autêntica, que ocupará um espaço mítico na cena cultural belo-horizontina, onde funcionava o Lapa Multshow.
O bilhete disponibilizado na plataforma Sympla não é, por enquanto, para um show específico, fazendo parte de um plano para levantar recursos para a reforma do telhado da edificação na Rua Álvares Maciel, no Santa Efigênia.
“Não é um financiamento coletivo. É uma venda antecipada de ingresso. Com o valor investido no primeiro lote, a pessoa terá 100% de crédito a mais na compra do bilhete”, explica o sócio-proprietário Leo Moraes.
A previsão de reabertura é março de 2022, logo após o Carnaval. “Já era um sonho antigo nosso. A gente vivia de olho naquele imóvel. Ainda mais que tínhamos que sair do imóvel onde estávamos de qualquer forma, porque queriam vender para construir um prédio. Como músico, para a minha geração, sempre foi um sonho tocar no Lapa, que recebia os shows mais legais da cidade”, registra Moraes.
O Lapa funcionou por 14 anos, entre 1997 e 2011, recebendo vários estilos de músicas, do forró ao heavy metal, passando pelo rock alternativo.
“Foi difícil (alugar o espaço). Sabíamos que o proprietário tinha certas restrições e que não queria alugar para casa de shows. Tivemos que fazer um trabalho de convencimento”, destaca.
Em 2015, o prefeito Marcio Lacerda revogou decreto de utilidade pública do imóvel, em vigor desde 2011. De certa forma, para a Autêntica, a mudança representa um passo ousado dos sócios – além de Moraes, estão à frente da empreitada Bernardo Dias e Sérgio Lopes. O antigo espaço podia receber até 400 pessoas. Agora, serão 1.500.
“A gente fez o plano todo considerando que o espaço pode funcionar com lotação máxima ou, num contexto de pandemia, com uma capacidade menor, com mesas, distanciamento e todo protocolo exigido”, explica.
Casa manterá o mesmo conceito do antigo endereço
Leo Moraes é otimista. Até março, acredita que a população estará vacinada e a pandemia, sob controle. “O pessoal está muito sedento pelo encontro, pela experiência da música ao vivo. No Carnaval, o pessoal vai extravasar tudo. Até lá, esperamos por uma semi-normalidade, pelo menos”, analisa o proprietário, que, devido ao golpe da pandemia, revela que ficou “descapitalizado” para investir no novo espaço.
“Ele precisa de reformas estruturais consideráveis. O telhado, principalmente, está em péssimo estado. Teremos que trocá-lo todo”, registra.
O trio de proprietários vem buscando patrocinadores e investidores, mas entendeu que, para dar o primeiro passo, precisará contar com público, artistas e produtores da música. “Como é telhado, temos que reformar antes da chuva. Temos essa urgência”.
O pouco tempo (o início da obra está previsto para início de novembro) e o valor necessário (cerca de R$ 200 mil) tornam a missão mais difícil. “A gente sabe que é um valor ousado e um tempo apertado, mas acreditamos na nossa rede”, afirma Moraes. Após a reforma do telhado, eles continuarão buscando investidores para terminar a obra até a abertura das portas, em março.
Conceito
Apesar da mudança de ares, Moraes afirma que o conceito será o mesmo. “Vamos continuar olhando para o mundo, mas com uma relação muito íntima com a cena local. Pretendemos manter as sessões Autêntica, que é o nosso palco aberto, dando oportunidade para todo mundo que queira se apresentar. Essa alma a gente não abre mão. O que vai acontecer é recebermos artistas que eram grandes demais para o outro espaço”, observa.