(Teatro da Cidade/Divulgação)
A precária situação financeira e a possibilidade de fechamento do Teatro da Cidade e do Teatro Kléber Junqueira, ambos em Belo Horizonte, foram tema de audiência pública realizada nessa quarta-feira (26), pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Os dois espaços são mantidos por seus fundadores e, atualmente, não recebem recursos nem da Prefeitura de Belo Horizonte, nem do governo de Minas.
O diretor e fundador do Teatro da Cidade, Pedro Paulo Cava, explicou que o teatro foi construído em terreno cedido por uma construtora que faliu posteriormente e foi objeto de processos judiciais. O tombamento imaterial do espaço no ano passado não impediu que o imóvel fosse a leilão para saldar as dívidas. Além disso, desde 2012 o espaço não recebe recursos do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). “Estou em guerra contra o Ministério da Cultura. Você não sabe na mão de quem cai o seu projeto. Pode conseguir a captação ou não”, lamentou.
Kléber Junqueira, presidente e fundador do Teatro Kléber Junqueira, falou de seu esforço pessoal na transformação de um cinema tradicional, localizado no bairro Calafate, em um teatro que comporta espetáculos com cenários de grandes proporções. “Nesses 11 anos estamos bancando sozinhos o teatro. Queríamos uma parceria efetiva, sem politicagem”, pediu.
O diretor das Artes Cênicas e da Música da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Cássio Batista Pinheiro de Barcellos, pontuou que a Prefeitura de Belo Horizonte tem feito esforços pela cultura na cidade, mas ainda há muito a ser feito, em parte porque não há um marco legal federativo que permita investimentos maiores na área. “Gastamos R$ 15 milhões na reforma dos dois teatros municipais da cidade. Iremos inaugurar um teatro no bairro Alípio de Melo. Mas se não colocarmos dinheiro público diretamente, o fechamento não só desses espaços, mas de muitos mais, será realidade”, afirmou.
O chefe do Departamento de Fomento e Incentivo a Cultura da FMC, Murilo Junio Rezende Pereira, reforçou que, muitas vezes, a Fundação não consegue executar suas funções por problemas na legislação municipal e a falta de um pacto entre os executivos. Ele disse que há também outros tantos problemas que a classe artística enfrenta, como a falta de carteira assinada.