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Domingo, 17 de janeiro, 19h26: “– Oi Fernando! Podemos começar nossa entrevista agora?” “– Vou jantar com minhas netinhas e já volto”. E não tardou. Afinal, Fernando Morais conhece de cadeira a pressa nata que todo jornalista tem.
Autor de clássicos como “A Ilha”, “O Mago”, “Olga”, “Corações Sujos” e “Chatô”, o escritor nasceu em Mariana, cidade histórica assolada pela lama da barragem da mineradora Samarco em novembro passado.
Sobre o assunto, aliás, o jornalista é categórico: “A insensibilidade e desfaçatez com que a Vale e a Samarco estão tratando o assunto é inacreditável”.
Esses e muitos outros assuntos polêmicos serão publicados na íntegra, na edição de amanhã, no Página Dois, e no portal Hoje em Dia.
Ativista político
Um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, Morais começou como office-boy em uma pequena revista de um banco de Belo Horizonte.
Não tardou para a paixão e o domínio alçarem voo: já vivendo em São Paulo, aos 20 anos de idade, faturou seu primeiro Prêmio Esso – ao todo foram três troféus desta que é a maior premiação do jornalismo nacional. E não parou: aos 30 conseguiu entrevistar o líder cubano Fidel Castro – um feito considerado raro até para os dias de hoje.
Sentido
Biógrafo respeitado por crítica e público, Morais resume como consegue reconhecer as boas histórias: “Acredito que todo profissional que dedicou a vida a seu metier, como é o meu caso, acaba desenvolvendo um sentido adicional. Um alfaiate experiente pega uma peça de casimira e só de pegar sabe se o tecido dará ou não um bom terno. Em geral – não é sempre, claro – um repórter experiente bate o olho num assunto, ou num personagem, e já antevê se dali sai uma reportagem, um livro, um roteiro de cinema.
Ou se não sai nada”.
Arriscou também na política: foi deputado estadual por oito anos, secretário de Cultura (1988-1991) e de Educação (1991-1993) do estado de São Paulo. E exatamente sobre a crise política que o país vive hoje, o escritor revela a esperança de que dias melhores virão.
“– E por que?”
“– O Brasil é muito maior e muito melhor que a maioria de seus políticos”.