Curto no tamanho, grande no tema

Festival de curtas de BH tem início nesta sexta, no Cine Humberto Mauro

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 14/10/2022 às 08:24.
 (PAULO LACERDA/DIVULGAÇÃO)

(PAULO LACERDA/DIVULGAÇÃO)

A pandemia e o conturbado momento político no mundo, com a ascensão da extrema direita, estão refletidos na programação da 24ª edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte (FestCurtasBH), com início hoje no Cine Humberto Mauro.

O festival recebeu 2.690 inscrições de 110 países, com a pandemia se destacando “em vários sentidos, desde coisas mais pitorescas, com pessoas usando máscaras, até um impacto narrativo”, com as restrições de filmagens, de acordo com a curadora Ana Siqueira.

A política também dá o tom no festival, com um maior número de produções nas “urgências do Brasil e do mundo”. Outro aspecto curioso é que várias obras só foram viabilizadas devido à criação da Lei Aldir Blanc. “No lugar de cair, a produção aumentou”, comemora.

Essa opção temática vale tanto para filmes experimentais quanto para aqueles de narrativa mais tradicional. “As escolhas formais, a gente percebe, são afetadas pelo entorno, pelo contexto, pelo tempo histórico”, analisa a curadora.

Com um perfil já conhecido, “a gente se interessa particularmente por esses filmes inquietos, que nos interpelam e nos interrogam, sem falar nas mostras especiais, que acabam tomando outros caminhos, obras de época que não estão necessariamente respondendo ao agora”.

Duas dessas mostras tiveram como combustível a ideia de sonho, “que é algo bem amplo se pensarmos na potência estética e política dela”. Ana Siqueira salienta que o cinema já nasce muito ligado ao sonho, sem estar submetido às mesmas regras da vigília.

O diretor francês Emmanuel Lefrant assumiu a coordenação de uma dessas mostras. Realizador de obras experimentais, ele traz um pedaço do acervo da distribuidora europeia Light Cone, de onde saem, há quatro décadas, vários filmes que permeiam a questão do sonho.

Outra seleção é “De olhos abertos, tem alguém que sonha”, montada por Kênia Freitas e Ingá Patriota. “Elas nos convidam a sonhar coletivamente de olhos abertos numa sala de cinema. É pensar o cinema como esse lugar de a gente sonhar junto.

O FestCurtasBH também ocupará o Espaço Mari’Stella Tristão, com uma exposição da artista plástica Efe Godoy. Ela faz um entrelaçamento de desenho, pintura, música e performance com a proposta do festival.

SERVIÇO
Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte – De hoje até 23 de outubro, com sessões gratuitas e online. Entrada franca

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