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O quadrinista é da “Cidade do Ouro”. Mas não é gente de Ouro Preto ou de Sabará. No ano que vem, o homenageado da nona edição do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) – que acontecerá, como de praxe, em novembro – é Cedraz, um baiano criado na região da Chapada Diamantina, e com quase 50 anos de carreira no traço. Mas quem é este ícone da arte gráfica regional e por que ele merece a homenagem no maior festival de quadrinhos da América Latina? Ao Hoje em Dia, Antônio Luiz Ramos Cedraz, hoje, aos 67 anos e radicado em Salvador, diz que a escolha dos organizadores “foi melhor que um prêmio”. O coordenador de Quadrinhos da Fundação Municipal de Cultura, Afonso Andrade aponta o mérito: “Por ele ter trabalhado personagens da cultura nordestina há tanto tempo. É uma constância importante numa área que agora está tendo uma perenidade”, justifica. “É um trabalho feito com muito carinho. Aqui na Bahia e em parte do Nordeste, já conquistamos um público”, avisa Cedraz. O quadrinista diz que é preciso valorizar as histórias do povo do nordeste e divulgá-las. “Público nós temos”, garante. O baiano busca uma editora em Minas para apresentar uma seleção da mais festejada criação dele: a Turma do Xaxado, criada há mais de 15 anos. Xaxado é neto de um cangaceiro que vivia com o bando de Lampião. As histórias resgatam a infância de Cedraz – quase uma garantia para que o autor nunca envelheça. “Se Deus quiser, não!”, confirma. Cedraz diz que o trabalho “tem a linguagem do povo do interior e fala sobre um montão de assuntos sobre os quais ninguém toca”. “Não é um quadrinho pasteurizado”. Abrindo espaços O FIQ reserva ainda outra novidade: pela primeira vez, traz uma mulher à equipe de curadores. No caso, a quadrinista, ilustradora e arquiteta gaúcha Ana Luiza Koehler que vai trabalhar ao lado do colega e professor Daniel Werneck. “Foi uma surpresa e tanto. Ainda somos minoria nos quadrinhos”, constata a “co-curadora”. “Mulher sempre leu e produziu quadrinho. É uma maneira de reconhecer a importância delas como leitoras, personagens e profissionais”, resume Afonso Andrade, sobre a importância da diversidade, algo sempre presente no FIQ. Ana Luiza é bem assim mesmo. Leitora de quadrinhos desde os 9 anos, começou a desenhar aos 21. Aos 27, entrou no mercado de autorais em publicações na Europa. “E que o público cada vez mais se reconheça no quadrinho! Buscar novos públicos é saudável inclusive para o mercado, afinal, vende mais”, entende a quadrinista do Sul.