(Alexandre Rezende/Divulgação )
Expansão é a palavra-chave da edição de 2018 do Festival de Verão da Universidade Federal de Minas Gerais. Aquecendo a cidade para o carnaval, o evento reúne shows musicais, espetáculos de dança e teatro e palestras temáticas, que envolvem desde a cultura ancestral indígena ao transplante de órgãos.
O diretor artístico Juarez Guimarães Dias explica que o tema “Universos Expandidos” é um desdobramento da edição anterior, que abordou a questão da invisibilidade. “Decidimos trabalhar com a ideia de expansão pensando em vários aspectos. Na expansão do que é produzido na faculdade para outros ambientes, na expansão do universo, das tecnologias, da vida humana; na expansão das etnias, da sexualidade e da identidade de gênero”, exemplifica. “Quisemos pensar como o conhecimento, a arte e a cultura expandem nossa existência a percepção da vida”, acrescenta.
Ele sublinha que toda a programação reflete o tema, que reúne questões que vão desde a espiritualidade e outras crenças (como a astrologia) à palestras ligadas à física, informação e medicina. “Existe um diálogo com uma produção não acadêmica também, com outros tipos de saberes”, pontua o diretor.
Ele conta que a edição 2018 também traz uma novidade: a residência “Cartografias Afetivas para Crianças 90 anos UFMG”, primeira atividade voltada exclusivamente para o público infantil. “Eles irão visitar os equipamentos da universidade. Essa é uma forma de inseri-los nesses equipamentos, como o Observatório, no Espaço do Conhecimento”, explica o diretor. Segundo ele, a ação surgiu de um pedido da própria comunidade, e traz também crianças da Ocupação Maria Carolina de Jesus, em uma parceria feita com a UFMG.
Territórios
Buscando documentar o vazamento da Barragem de Fundão, nos arredores de Mariana, em 2015, o grupo de Teatro 171 concebeu o espetáculo “Territórios”, que faz sua estreia hoje, às 20h, no Centro Cultural UFMG (Av Santos Dumont, 174-Centro). Diretor da peça, Henrique Limadre afirma que a montagem surgiu a partir de pesquisas do grupo sobre as linguagens teatrais. “A partir desses estudos, chegamos na ideia de documentar o crime que aconteceu em Bento Rodrigues”, explica.
Para a tarefa, ele conta que o grupo fez visitas à cidade e, agora, trazem para o espetáculo um habitante da região. “Conhecemos um morador de lá, o Preto Monteiro. Trazemos ele para documentar a experiência do que ele mesmo viveu”, diz o diretor.
Para além das fronteiras mineiras, a questão territorial também é expandida na peça, que aborda temas como os refugiados, o cárcere privado, e o próprio espaço onde a peça é apresentada. “Trazemos duas linguagens, o teatro documentário o teatro de convívio, onde a plateia é participativa. Não é só o teatro como ato contemplativo, mas também ritualístico”.
Serviço: Festival de Verão da UFMG, de 5 a 8 de fevereiro. Gratuito. Programação completa em: www.ufmg.br/festivaldeverao