Filha de Deborah Colker desabafa sobre caso de preconceito em avião

Hoje em Dia*
20/08/2013 às 15:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:09

A filha da coreógrafa Deborah Colker, Clara Colker, postou um desabafo no Facebook sobre o caso de preconceito que seu filho sofreu no voo 1556 da Gol, com partida em Salvador, com destino a Porto Alegre e escala no Rio de Janeiro. A tripulação tentou impedir que a criança, que completa 4 anos nesta quarta (21), embarcasse no voo pois ela sofre de epidermólise bolhosa, doença de pele não infecciosa. A alegação era que a doença poderia contagiar outros passageiros. A situação foi resolvida após intervenção da Polícia Federal e a autorização de um médico.

Leia o desabafo de Clara Colker:

"Estava sentada ao lado da minha mãe e do meu filho dentro do avião. Um funcionário me perguntou: você tem atestado? Falei: do quê? Do médico sobre a criança. Apontando na cara do meu filho. Falei: ele está bem, tem um problema genético, sou mãe dele e responsável por ele. Insatisfeito, o cara foi até a cabine. Voltou uma mulher funcionária. O constrangimento começou. Falei em tom já ríspido. Ele é o meu filho tem eb [epidermólise bolhosa] e não tem problema nenhum em viajar, sua doença não é contagiosa e ele está bem. Já viajei inúmeras vezes com ele para dentro e fora do Brasil. Nunca passei por isso. Basta olhar pra mim, para o pai e para a avó que vivem agarrados nele e não têm nada. Falei para Peu filmar o que ela ia dizer. Na hora ela disse que não falaria se fosse filmada e que não podemos filmar. Neste momento, uma mulher a 3 filas de distância grita pra mim: "Chama o Ministério Público! Isso é preconceito e discriminação!"

Ela continua e conta que a criança acompanhou toda a confusão:

Comecei a chorar. O Théo vendo isso tudo. Surreal. A funcionária saiu. Ficou 10 minutos fora. Jurava que o avião seguiria viagem e ainda falei: deviam pedir desculpas para o Théo e para mim. Volta a funcionária dizendo que o avião só vai partir com aval do médico. As pessoas começaram a se manifestar muito. Minha mãe que estava controlada até então levantou. Afinal de contas, meu filho passaria por uma análise de um médico que iria até nosso assento para avaliá-lo! Surreal! Quando o médico chegou, falamos: ele tem uma deficiência genética! Epidermólise bolhosa! E o médico fala: "Ah! Epidermólise bolhosa! Não tem problema nenhum". O cenário dentro do avião era: quase todos passageiros em pé, indignados, vindo falar comigo, com meu filho. Super chateados. Muitos tinham conexão e estavam perdendo suas conexões. Já tinham 40 minutos de atraso. O médico foi falar com o comandante. Mesmo assim o comandante disse que nós só viajaríamos se ele, o médico, fizesse atestado. Aí não tinha papel, não tinha carimbo... Pegou um papel branco, sem nada timbrado e fez o atestado. Minha vontade era descer do avião e quando disse quero sair daqui, a mesma mulher, a primeira a gritar sobre o MP, disse que se nós saíssemos do avião, todos desceriam conosco. Me sensibilizei demais. Estavam todas as pessoas do avião super solidárias, preocupadas com o constrangimetno com o Théo. Resolvi ficar no avião.

Clara Colker encerra contando que o atraso já passava de uma hora, o voo que deveria chegar ao Rio às 13h50, chegou apenas às 16h10. Ela ainda lança a pergunta: "Como deve ser abordada uma pessoa com um problema de saúde aparente?" A família vai processar a Gol pelo ocorrido.


*Com informações da Agência Estado

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