Filho de Vitor Ramil, Ian é destaque do rock de Porto Alegre

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
02/06/2014 às 08:10.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:50
 (Mariana Copland Cella)

(Mariana Copland Cella)

Mesmo com DNA privilegiado, Ian Ramil demorou para mostrar ao Brasil que é um destaque da cena musical porto-alegrense. Filho de Vitor Ramil e sobrinho de Kleiton e Kledir, ele chegou a buscar outros caminhos profissionais, como jornalismo e teatro, mas em 2010 compreendeu que a música deveria ser seu caminho.

“Percebi que aquelas músicas que eu julgava pessoais faziam sentido e interessavam para além das paredes do meu apartamento”, afirma o artista que, aos 28 anos, acaba de lançar o primeiro álbum, “IAN”.

Produzido pelo argentino Matias Cella (produtor de importantes discos de Jorge Drexler), o álbum foi gravado em Buenos Aires junto a músicos que Ian só foi conhecer no estúdio. Algo que foi fundamental para que o álbum soasse uma bem costurada colcha de retalhos sonoros.

“Esse contato imediato de supetão deixou o álbum muito espontâneo e cheio de liberdade criativa, algo que eu sempre quis. Cheguei lá com muitas ideias sobre os arranjos baseado no que já tinha experimentado com a minha banda no Brasil e fui recebido por muitas outras que foram desenvolvidas por Matias e os músicos previamente à minha chegada. Talvez a mais linda surpresa tenha sido os arranjos de sopro, coisa que eu nunca tinha testado”, diz.

O disco traz “Nescafé” e “Rota”, duas das melhores músicas já gravadas pelo Apanhador Só. São composições que Ian havia assinado com amigos do quarteto gaúcho. “Acho que o Apanhador Só deveria ocupar o espaço nobre da TV e encabeçar os maiores festivais, mas hoje, como a gente sabe, não é a criatividade que te coloca no mainstream, é o dinheiro. Ao mesmo tempo, se trabalha a partir disso: a internet possibilita a artistas independentes chegarem longe sem precisarem entregar a arte na mão de grandes corporações”.

E Ian garante que não são os únicos destaques de qualidade da atual música gaúcha. “Tem a banda Musa Híbrida, que vai lançar o segundo disco, e os compositores Leo Aprato, Ed Lannes, Saulo Fietz, Thiago Ramil, todos gravando seus primeiros discos. O fortalecimento dessa cena muito se deve ao coletivo Escuta – O Som do Compositor, que surgiu em 2012 e tem mais de 40 compositores envolvidos”.

Vitor

Ian sabe que seu pai, Vitor Ramil, é um compositor incrível, mas teve cuidado em não se deixar influenciar demais. “O rigor dele em todos os aspectos da composição é uma qualidade que tenho como referência. Sempre mostrei tudo que faço para ele, mas sempre procurei não ouvir muito o que ele tem a me dizer. Acredito que cada artista tem que descobrir sua própria maneira de se traduzir no que cria”.

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