Filme de Papoula Bicalho integra programação do Festival de Curtas de São Paulo

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
21/08/2020 às 08:44.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:20
 (Eliane Gouvêa/Divulgação)

(Eliane Gouvêa/Divulgação)

Com mais de 200 filmes de 46 países, o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo chega à 31ª edição, iniciada ontem, reunindo as mais diversas linguagens e territórios culturais. Uma proposta que está no cerne da produção mineira “Difícil é Não Brincar”, de Papoula Bicalho, que será exibida amanhã, a partir das 19h, em plataforma on-line, dentro da mostra Infantojuvenil.

“Meu filme tem essa abordagem, ao procurar territórios culturais e hábitos muitos diferentes do que estamos acostumados”, registra Papoula, que acompanhou o dia a dia de crianças em três distritos do interior de Minas Gerais, próximos a Congonhas e Ouro Preto, em que a produção de minério é a principal atividade econômica.

Se nas grandes cidades a gurizada praticamente não põe mais os pés na rua, com pais receosos de rapto e violência, nestes locais a brincadeira fora de casa continua reinando. “Apesar das realidades duras em que vivem, há ali todo um imaginário muito bonito e rico”, salienta a diretora mineira.
Papoula foi em busca dessas imagens para um vídeo de três minutos para o Museu de Congonhas, mas acabou se deixando contaminar por questões, que, como ela mesmo define, dizem muito do ser humano e da criança que está dentro de cada um de nós.

“Difícil é Não Brincar” poderá ser visto a partir de amanhã, pelo site do Kinoforum ou nos aplicativos innsaei.tv para celulares, tablets e smart TVs, disponíveis nas lojas do Google Play ou Apple Store. Para televisores, utilizar Airplay e Chromecast.

O filme aumentou de tamanho e Papoula, no lugar de impor as referências culturais dela, virou uma observadora. “Foram duas semanas convivendo com elas para entender aquela realidade e, a partir disso, criar alguma coisa. As histórias que já ouviram ou leram vão moldando o imaginário delas”, destaca.

Nestas conversas, vinham à tona medos, sonhos e pesadelos. Os encontros são sempre mediados pelas brincadeiras, como um pique-esconde ou um carrinho de rolimã. “Não eram só brincadeiras. Era muito mais. Havia ali todo um lado emocional da relação com a cidade, com o minério e entre as próprias crianças”.

Diretora de programas infantis na TV, Papoula sempre teve dois públicos na mira de seus trabalhos: as crianças e os idosos. “Sempre me interessei por estes dois mundos. As crianças pela curiosidade e falta de censura. Os mais velhos por estarem relaxados, sem precisarem provar mais nada”, assinala.

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