(WARNER/DIVULGAÇÃO)
Apesar de os cinemas brasileiros estarem retomando as suas atividades após sete meses, com as salas de Belo Horizonte reabrindo as portas neste final de semana, os principais lançamentos de 2020 foram adiados para o próximo ano. A segunda onda de Covid-19 na Europa poderá jogar títulos de peso ainda mais para frente.
O primeiro blockbuster previsto é “Mulher Maravilha 1984”, marcado para dezembro. A distribuidora Warner não descarta a possibilidade de nova prorrogação – a data inicial era 20 de agosto. Além de a Europa aumentar as medidas de restrição, cidades como Los Angeles e Nova York, nos EUA, ainda não tiveram suas salas reabertas.
Com tantas incógnitas, a distribuidoras trabalham estratégias a curto e médio prazo para atrair o espectador às salas de exibição. A Imovision pretende lançar nos próximos meses títulos mais leves, como comédias e romances, “para aliviar a tensão neste momento turbulento”, de acordo com a coordenadora Priscila Santos.
Com o grande número de filmes represados durante a pandemia, o maior temor das distribuidoras brasileiras pequenas e médias é o risco de os filmes ficarem pouco tempo em cartaz. Priscila observa que já havia uma dificuldade de espaço no circuito exibidor para títulos independentes antes mesmo da pandemia.
“Agora haverá uma competição mais acirrada e as obras menos comerciais que não atraírem público na semana de estreia, infelizmente ficarão menos tempo em cartaz”, analisa. Apesar de outras mídias ganharem espaço durante a pandemia, a coordenadora salienta que o cinema continua sendo a melhor opção de lançamento.
“É o que dá mais visibilidade à obra, a que mais valoriza o filme nas outras janelas e também a mais rentável”, justifica. Mas ela não descarta a possibilidade de diminuir a “janela” (tempo) entre o lançamento nas salas e nas plataformas de streaming, especialmente em relação às obras menos comerciais.
Regulação
Para Pedro Butcher, curador da Mostra CineBH, os produtores precisam ficar menos dependentes do lançamento nos cinemas. “A questão é que isso traz um problema de regulação. Exceções foram abertas durante a pandemia, mas em casos de filmes feitos com recurso do Fundo Setorial do Audiovisual exige-se o lançamento nos cinemas”, registra.
Para ele, é fundamental que se pense formas de se equilibrar o mercado, para permitir a sobrevivência das salas de cinema, principalmente as de arte. “É uma coisa muito predatória, de disputa de território. O streaming vem com muita força, absorvendo obras que poderiam dar dinheiro para os cinemas”, analisa.
Há casos curiosos, como o de “Apocalypse Now: Final Cut”, da Pandora. Lançado em streaming e nos drive-ins, o clássico de Francis Ford Coppola também foi para a telona. “O resultado foi excelente, mas que não se compara ao lançamento em cinemas. Por isso estamos apostando nele agora na reabertura. E a carreira tem sido ótima”, afirma Priscila.N/A / N/A
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