O improviso, que em determinadas circunstâncias o brasileiro apelida de "jeitinho", é a alternativa que concede ao homem o dom da espontaneidade. Dizem que teriam sido os canadenses os primeiros a utilizar o recurso como ferramenta teatral. Mas foi em Minas onde a linguagem primeiro se organizou em grupo no Brasil, onde primeiro também se organizou um festival. O Fimpro – Festival Internacional de Improvisação, que chega à sua 4ª edição, trazendo espetáculos inter/nacionais, debate, oficina e lançamento de livro.
Graças ao patrocínio do VivoEnCena, por meio da lei Rouanet, o festival se estende este ano a Aracaju, Belém, Salvador, São Paulo e Vitória. Toda a programação tem entrada franca. Condicionadas à lotação do espaço, senhas serão distribuídas na bilheteria do Teatro Dom Silvério/Chevrolet Hall.
A programação de espetáculos prevê três títulos: "Corten 2.0", do grupo Impromadri, da Espanha, hoje, às 20h; "Passageiros", espetáculo criado, dirigido e interpretado por César Gouvêa, da Cia do Quintal (SP), e Gustavo Miranda, do grupo Acción Impro, da Colômbia; e "Dos Gardênias Social Club", da UMA Cia.
Velho conhecido do público mineiro, onde se apresentou em outras duas edições do festival, o Impromadri é o grupo onde a atriz e diretora Mariana Muniz, idealizadora e uma das curadoras do festival, aprendeu improvisação, durante muitos anos. Foi ela quem dirigiu "Match de Improvisação", montagem de formatura do Cefar que deu origem ao grupo depois renomeado como UMA Cia.
Produzido há dois anos, graças a um edital que incentiva projetos de intercâmbio entre artistas de países diferentes, "Passageiros" será exibido na quinta (9), às 21 horas. Focaliza um homem num aeroporto, que pede ajuda ao público para reencontrar as memórias que perdeu. Já "Dos Gardênias", atração de sexta (10), às 21 horas e 22h30, explora o universo das danças a dois.
Segundo Débora Vieira, atriz e curadora do festival, a busca da UMA é transitar pelas diversas possibilidades que o teatro permite e não mais se limitar a uma linguagem. Tomar o improviso algumas vezes como uma ferramenta, como outros grupos tomariam o teatro-físico, por exemplo, sem que essa escolha imponha uma feição única, exclusiva ao seu trabalho.
Mediado por Expedito Araújo, curador e representante da Vivo, "O Improviso na Contemporaneidade" reúne os quatro grupos de atuação mais constante em improviso na cidade. O debate de quarta (8), às 14 horas, acontece no auditório da Escola de Belas Artes da UFMG, no campus Pampulha. Na sequência, o lançamento do livro "Improvisação Como Espetáculo: Processo de Criação e Metodologias de Treinamento do Ator-Improvisador" (Editora UFMG), de Mariana Muniz.