Foo Fighters investe pesado em documentários

Cinthya Oliveira e Álvaro Castro - Hoje em Dia
21/01/2015 às 20:00.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:45
 (Divulgação)

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Desde o início da carreira, o Foo Fighters sempre investiu no universo audiovisual. Tanto que nos anos 90 foi responsável por alguns dos vídeos mais legais da programação da MTV – como “Learn to Fly”, por exemplo. Mas desde 2011, compreenderam que só os clipes não eram suficientes e, desde então, o mercado já recebeu três documentários relacionados à banda.   O primeiro foi “Back and Forth” (2011), desenvolvido na mesma época em que o grupo lançava o premiado álbum “Wasting Light”. O filme se coloca como documentário sobre uma banda, mas na verdade trata da ascensão de um dos maiores nomes do rock mundial nos últimos 15 anos: Dave Grohl. São 97 minutos de imagens de arquivo e entrevistas que revelam a sagacidade, o perfeccionismo e o talento de um homem que soube enterrar o trágico fim de uma grande banda – o Nirvana – para se estabelecer na indústria musical com um grupo de sucesso de crítica e público.   A narrativa de James Moll tem início nos anos 90, resumindo o sucesso do Nirvana, para depois mostrar como Dave Grohl conseguiu superar o suicídio de Kurt Cobain e criar o Foo Fighters. Estão ali muitas imagens e entrevistas positivas sobre o cantor/compositor/baterista/guitarrista, assim como sobram críticas. As difíceis trocas de integrantes são muito reveladoras de características não tão bacanas do artista.



Em 2013, o mercado recebeu o filme “Sound City”, sobre um trabalho desenvolvido por Grohl no ano anterior e sua estreia como diretor de cinema. O músico decidiu fazer um registro audiovisual sobre a história do famoso estúdio norte-americano onde foram gravados discos célebres – entre eles, “Nevermind”, do Nirvana. Desatualizado por conta da digitalização de todo processo musical, o Sound City foi obrigado a fechar suas portas e sua histórica mesa de som, a Neve 8028, foi vendida a Grohl.    No meio do processo, o roqueiro teve uma ótima ideia: reunir pessoas que deixaram suas marcas no estúdio para a gravação de um álbum de inéditas, gravadas com sua recém-comprada mesa de som. Assim, convidou músicos do Fleetwood Mac (primeira banda grande a gravar no Sound City), Paul McCartney, Josh Homme (Queen of Stone Age), Rick Springfield (cantor-galã que gerou muitos lucros ao estúdio), Brad Wilk e Tim Commerford (ambos do Rage Against to Machine), Trent Rezno (Nine Inch Nails) etc. A produção é de Butch Vig, o mesmo de “Nevermind”. Esse trabalho também rendeu um excelente disco: “Sound City – Real to Reel”.



Já a série “Sonic Highways” (que vem sendo exibido aos domingos, às 20h30, pelo Canal BIS), lançada no final do ano passado, nasce talvez do mais ambicioso projeto do Foo Fighters desde que a banda começou lááá em 1995. O grupo se enveredou por uma empreitada conjunta de lançar um disco e um documentário que contasse um pouco das raízes da música norte-americana.   A própria concepção do projeto, em si, é bastante ambiciosa, mas o resultado na verdade não deixa a desejar. Na verdade, o disco é muito menos interessante se escutado sozinho, fora de contexto. Todas as músicas ganham um significado muito mais profundo ao se analisar o processo de escolha dos espaços e todo o caminho percorrido pela banda até sua gravação.   A ideia foi percorrer oito cidades dos EUA, gravando em oito estúdios diferentes oito canções que conseguissem ser coesas suficientemente para fazer sentido enquanto um álbum (o que nem sempre é possível dentro de um mesmo espaço) e também como um áudio-retrato do vasto cancioneiro da terra do Tio Sam. Assim, foram percorridas Austin, Chicago, Los Angeles, Nashville, Nova Orleans, Nova Iorque, Seattle e Washington, DC.    A pluralidade de influências retiradas de cada um dos lugares reflete-se na riqueza do álbum, que se não é um dos melhores do Foo Fighters é um dos mais maduros e densos do ponto de vista lírico. É possível acompanhar, ao se assistir às diversas entrevistas com músicos e produtores locais a construção da letra que depois é sempre mostrada com uma espécie de vídeoclipe que encerra cada um dos episódios, que no Brasil foram transmitidos pelo canal por assinatura Bis.   Todos os oito filmes tem seu valor, mas o retorno a Seattle tem um gosto especial, por ser um retorno doloroso tanto para Dave Grohl quanto para Pat Smear, que conviveu intensamente com os momentos finais do Nirvana. Além disso é possível ver vários momentos intimistas dos cinco integrantes da banda (seis, se contarmos o tecladista, bem mais ativo no processo do que normalmente). A briga de Butch Vig, produtor do disco, e também da equipe de som para fazer os espaços extremamente diversos funcionarem também chamam a atenção. Há inclusive o recurso de Dave gravar apenas os pratos enquanto o baterista Taylor Hawkings assume os tambores.    Vale a espera por cada episódio e a experiência de assisti-lo semana a semana, ao invés de uma sentada com um download na internet. A espera e a expectativa certamente deixam a experiência mais enriquecedora e transforma o que seria um álbum mediano em um grande e acertado projeto.



Importante lembrar: no dia 1º de fevereiro, a partir das 14h, o canal pago BIS exibe a “Maratona Foo Fighters - Sonic Highways”, com os cinco primeiros episódios da série dirigida por Dave Grohl. Os programas se passam em Chicago, Washington, Nashville, Austin e Los Angeles.

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