Fotógrafo de BH registra mulheres comuns em combate ao sexismo

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
27/12/2014 às 11:11.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:29
 (Thiago Santos)

(Thiago Santos)

O debate sobre o assédio ao público feminino dominou as redes sociais em 2014. A imagem da jornalista Nana Queiroz, que encabeçou o protesto “Não mereço ser estuprada”, foi uma das iniciativas contra a violência sofrida pela mulher, que se espalhou pela rede. A luta para impedir a presença, no Brasil, de um “instrutor de paquera” (Julian Blanc) que prega a violência, e a campanha “Chega de Fiu-fiu”, que exige o fim das cantadas, também ganharam força.   Dentro dessa discussão, o jovem fotógrafo mineiro Thiago Santos iniciou o projeto “O Corpo É Meu”, que traz fotos de mulheres que lutam por uma sociedade que respeite sua autonomia. “As imagens refletem o poder de escolha que a mulher possui em relação aos seus hábitos, que são constantemente julgados pela sociedade”, explica o fotógrafo que anseia provocar as pessoas mais conservadoras.   O projeto, que teve início no primeiro semestre deste ano, é resultado de uma conversa entre Thiago e algumas amigas. “Elas relataram casos de abusos verbais, físicos e psicológicos. Já me interessava pela causa, depois disso a ideia do projeto se consolidou”, relata o moço.   Há quatro anos no ramo da fotografia, este é o primeiro trabalho autoral do rapaz, que começou a carreira trabalhando ao lado da fotógrafa Márcia Charnizon. Aliar estilo de fotografia e ideologia é a receita de Santos para esse projeto que já ganhou repercussão na internet. “Recebo mensagens de garotas que me agradecem pelo trabalho e pedem para que eu não pare de lutar por esta causa”.   Até hoje oito mulheres já foram clicadas por Santos para este trabalho. A maioria são pessoas que ele conheceu em seu dia a dia. “Outras ficam sabendo do projeto e me procuram para serem fotografadas. Elas enxergam na fotografia uma forma de disseminar a ideia deque são livres”, acrescenta. A composição da foto, como cenário, luz e poses, surge após uma conversa entre o fotógrafo e a modelo. “As fotos geralmente são baseadas nos hábitos das garotas ou seu estilo de vida”.   Para a bailarina e estudante de jornalismo Larissa Diniz, de 19 anos, participar do ensaio foi uma oportunidade de reconhecimento do próprio corpo. “O corpo é meu e eu faço dele o que eu quiser”, afirma a garota que teve a desaprovação de algumas pessoas da família pela imagem. “Falaram que me expus demais”, conta e faz uma crítica. “Minha prima pode postar foto de biquini na internet, não é exposição. Eu tirar foto de calcinha e sutiã já é demais”.

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