Fotógrafo que assina "Elo" lança seu primeiro livro dentro do Foto em Pauta

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
20/10/2014 às 08:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:41
 (Calé)

(Calé)

Para falar de amor não há palavra que caiba, mas às vezes um abraço basta. O grande problema é que abraço, desses de verdade, exigem sinceridade, coragem, entrega.

Calé, fotógrafo nascido em São Paulo, sempre soube disso e sinceramente nunca escondeu a resistência em abraçar as pessoas. Nem mesmo seus melhores amigos.

E foi da percepção do constrangimento desse gesto e, de alguma forma, a partir do processo de crescimento espiritual (ele é adepto da meditação) que nasceu a ideia da série de fotografias “Elo”, que adiante se transformaria em livro – a ser lançado na próxima quarta, dia 22, aqui em BH, dentro do projeto Foto em Pauta.

Com 42 anos de idade – 17 deles dedicados à profissão – “Elo”, primeiro livro de Calé, é fruto de um trabalho (ganhador do Prêmio Marc Ferrez e exposto na Dinamarca) que reúne imagens onde estão retratados os grandes amigos do fotógrafo.

Uma trupe que foi convidada por ele a se abraçar profundamente em lugares públicos, sem êxito ou frescura. Sim, o amor que descobrimos no folhear das páginas de “Elo” é real. “E é curioso porque em todos os lugares por onde passamos as pessoas se incomodavam de alguma maneira porque, afinal, um abraço diz muito sobre o amor”.

“Ao desenvolver a série percebi que a barreira que existia em mim é também parte da vida de muita gente. Todos nós temos limites no amor, e há um medo enorme em amar, de se expor”, acredita.

“Muitas vezes dizemos ou ouvimos o quão calorosos somos nós, brasileiros, mas na Índia, por exemplo, os homens caminham de mãos dadas e nem por isso são taxados de homossexuais. Não foi por acaso, aliás, que para o livro escolhi apenas fotos de homens se abraçando”.

Em “Elo” há que se atestar ainda que as imagens despertam no observador um emaranhado de sentimentos e deduções.

Em cada uma delas, os indivíduos presentes revelam um olhar muitas vezes decifrável e, embora os que se abraçam sejam os atores principais da cena, o “público” que os assiste é peça fundamental para pensarmos sobre como lidamos com o afeto.

“Muitas vezes um abraço é amor demais para se mostrar em público”.
 

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