Franz Schubert é destaque em disco com regência de Fábio Mechetti

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
04/07/2013 às 08:56.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:45

 A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais sobe nesta quinta (4) mais uma vez ao palco do Grande Teatro do Palácio das Artes para a série "Allegro", mas essa apresentação tem um gostinho bem especial. Antes de mostrar peças de Verdi, Wagner, Prokofiev e Strauss, haverá o lançamento oficial de seu primeiro disco comercial.

Gravado em julho de 2011, o álbum traz a "Sinfonia nº9 em Dó maior, D.944", de Franz Schubert (1797-1828), também conhecida como "A Grande". Trata-se da última composição do músico austríaco, composta provavelmente em 1826 e apresentada pela primeira vez em 1839, na Alemanha, tendo Felix Mendelssohn como regente.

Precisão

A obra foi a escolhida para o debute fonográfico da orquestra por questões práticas e artísticas. "Quando chegou o momento da gravação, já estávamos preparados para essa sinfonia, muito importante em nosso repertório. A escolhemos por ser uma peça que expõe e valoriza a orquestra", explica o maestro da Filarmônica, Fabio Mechetti.

"É uma obra difícil, que exige precisão e clareza nas condições e notas", diz o maestro, sobre a sinfonia "A Grande", que recebeu essa alcunha no século 19 por sua extensão.

A complexidade sinfônica da obra – seus quatro movimentos exploram caminhos musicais bem diferentes – faz com que seja especial entre o vasto repertório romântico dominado pela orquestra.

"Embora Schubert tenha morrido cedo (aos 31 anos), o compositor alcançou com essa obra uma grande maturidade. É incrível como em cada movimento ele procura mostrar coisas interessantes e explorar emoções diferentes", afirma Mechetti.

Cartão de visita

Para uma orquestra nova, ainda desconhecida no cenário erudito internacional, é fundamental ter um álbum gravado. Com um testemunho do elogiado atual momento da orquestra registrado, a Filarmônica passa a ter um importante "cartão de visitas", peça-chave nas negociações com patrocinadores e produções de outros países.

A produção entre a gravação e o lançamento demandou dois anos porque a orquestra teve a preocupação de assinar com uma empresa que conseguisse fazer uma boa distribuição. A escolha foi pela gravadora mineira Sonhos & Sons (de Marcus Viana) e o disco já está disponível em algumas lojas de Belo Horizonte.

A pianista russa Lilya Zilberstein é solista em obra de Prokofiev

Em 2013, comemora-se o bicentenário de dois importantíssimos compositores clássicos: Verdi e Wagner. Ambos estão sendo homenageados pela Filarmônica no decorrer do ano.

Peças de ambos foram selecionadas para o concerto desta noite – as aberturas de "As Vésperas Sicilianas", do autor italiano, e de "O Navio Fantasma", do alemão –, que também será apresentado amanhã no Festival de Campos do Jordão e sábado em Paulínia.

No próximo dia 16, a orquestra faz uma apresentação especialmente dedicada a Wagner, enquanto nos dias 25 e 26, o concerto contemplará apenas composições de Verdi.

Rússia

A solista convidada para esta noite e para as apresentações no interior de São Paulo é a pianista russa Lilya Zilberstein, que mostra seu talento ao tocar uma peça de Prokofiev.

"A Lilya é vencedora de um concurso muito importante (Competição Internacional de Piano Busoni) e já esteve aqui tocando Tchaikovsky em 2011. É uma artista fantástica e uma pessoa fácil de se comunicar", elogia Mechetti.

A pianista mora em Hamburgo, na Alemanha, e é professora visitante na Hamburg Musikhochschule. Com Martha Argerich, gravou um disco que foi indicado ao Grammy de melhor álbum de música clássica.

Cancelamento

O repertório apresentado esta noite também seria levado para países da América do Sul, mas a Filarmônica não conseguiu recursos suficientes para a turnê. Para a infelicidade dos vizinhos, a viagem não deve acontecer tão cedo. "Ano que vem teremos que pensar a nossa agenda de acordo com a Copa do Mundo, enquanto em 2015 estaremos preocupados com a transferência da orquestra para a nossa nova sala (que está sendo construída no Barro Preto). Não sei quando poderemos planejar novamente essa viagem", admite o maestro.


Serviço

Apresentação da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais no Grande Teatro do Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537), nesta quinta-feira (4), às 20h30. Ingressos a R$ 60 (Plateia I), R$ 46 (Plateia II) e R$ 30 (Plateia superior). Meia-entrada para estudantes e maiores de 60 anos.

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