RIO DE JANEIRO - Os servidores da Biblioteca Nacional fizeram na tarde desta quarta-feira (19) um novo protesto público contra as más condições do prédio histórico, inaugurado em 1910, no centro do Rio, e que vem sofrendo uma série de incidentes neste ano, como vazamentos, queda de pedaços do teto e da fachada e infestações de insetos.
Com a maior parte da biblioteca sem ar condicionado desde maio, quando um vazamento em um dos aparelhos molhou milhares de periódicos e obrigou a biblioteca a desligar todo o sistema, a temperatura interna do prédio vem chegando a 46º C, segundo os trabalhadores.
O protesto teve toques bem-humorados, com funcionários usando chifrinhos e tridentes, remetendo ao "inferno" em que dizem trabalhar, e distribuição de leques e balas de hortelã "para refrescar". Havia ainda um "anjo da guarda", o único capaz de garantir segurança aos usuários da biblioteca, segundo os manifestantes.
Cartazes cobravam ações da presidente Dilma ("Presidenta, com esse calor ninguém aguenta!!") e da ministra da Cultura ("Marta Suplicy: salve a nossa Biblioteca Nacional").
Segundo a vice-presidente da associação de funcionários da biblioteca, Lia Jordão, funcionários e usuários da instituição já tiveram de receber atendimento médico por causa do forte calor dentro do prédio.
Os servidores afirmaram já ter entrado em contato com o Ministério Público do Trabalho e com o Corpo de Bombeiros para que a biblioteca seja interditada, por não oferecer condições mínimas de trabalho e de uso.
A Fundação Biblioteca Nacional, responsável pela gestão do prédio, disse que mantém "permanente monitoramento de temperatura das áreas com guarda de acervo" e que a reforma do sistema complementar de ar condicionado foi concluída no dia 17 de novembro e, desde então, está em fase de teste.
"O teste definitivo será feito nos dias 23 e 24/12", informou a fundação, em comunicado oficial.
Incidentes em série
O mau estado de conservação do prédio, tanto em suas áreas internas quanto nas fachadas (que foram cercadas por tapumes, após sucessivas quedas de rebocos), vem sendo denunciado há meses por seus funcionários. No final de setembro, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, esteve na instituição e anunciou que ela receberá R$ 70 milhões para obras de engenharia e restauração.
"São verbas para recuperação da biblioteca, que já fez algumas reformas básicas no que era mais necessário, para impedir qualquer catástrofe", disse a ministra, na ocasião.
Ela também afirmou que, apesar de as obras emergenciais já estarem em andamento, as reformas nas quais serão investidos os R$ 70 milhões "vão demorar um pouco" -algumas, como o restauro do telhado e das claraboias (para evitar as constantes infiltrações de água da chuva), devem ser iniciadas em 60 dias; outras, apenas em 2013. O prazo de conclusão é 2015.