(Nana Moraes / Divulgação)
Dona de um talento já abalizado pela crítica e que se estende a vários escaninhos – da interpretação à dramaturgia, por exemplo, Grace Passô poderá ser vista pelos belo-horizontinos no próximo fim de semana em um instigante desafio: ela é um dos nomes convidados pela Companhia Brasileira de Teatro para o espetáculo “Krum”, texto inédito no Brasil do israelense Hanoch Levin (1943-1999), que, sob direção de Marcio Abreu, em cartaz no Sesc Palladium, dias 28 e 29.
“A gente já havia feito algumas coisas junto, pequenos experimentos cênicos”, conta Grace, sobre a Companhia Brasileira de Teatro que, nesta investida, para atender à dramaturgia, arrebanha mais atores além de seus componentes. Daí o convite a Grace, que se coloca a serviço de dois personagens – um deles, a mãe do personagem que dá nome à peça, vivido por Danilo Grangheia.
Outro nome agregado foi o de Renata Sorrah. “Não conhecia esse texto – aliás, uma das coisas mais interessantes no trabalho é essa pesquisa com dramaturgias ‘distantes’ de nós”, diz Passô.
Atemporal
Embora tenha sido escrita nos anos 70, Grace conta que a narrativa é plena de personagens de trajetórias comuns, ordinárias – portanto, atemporal. “Como a maior parte dos seres humanos, eles (personagens) desejavam muito mais do que conseguiram alcançar. O texto traz esse olhar ao cidadão comum de uma forma reconhecível. Não há um desfile de heróis, mas pessoas que se percebem extremamente limitadas”, discorre a mineira.
“Krum” já foi apresentada no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Foram temporadas muito felizes, a gente teve um retorno precioso, tanto no que diz respeito a público e crítica quanto à própria classe artística, porque a montagem gera questões sobre linguagens e temáticas bem interessantes”, diz Grace.
Além da já citada mãe de Krum, Grace interpreta Twitza. “No momento em que acontece a trama, ela está visitando a comunidade à qual não via há muito tempo, e tem a função de representar os poucos que saíram dali, daquele bairro pequeno de uma cidade pequena”.
Instada a falar sobre Renata Sorrah, que vive a personagem Tudra, Grace diz que a atriz é daquelas pessoas únicas que se encontra pela vida. “Tem essa visibilidade, fruto de uma carreira muito rica e potente, tanto no teatro quanto na TV ou no cinema. Mas é uma pessoa que se interessa em pensar o teatro para além dos personagens, em ler textos teatrais, em discutir. Em síntese, um desses encontros artísticos que não se esquece”.
A trama se inicia com o retorno de Krum à casa da mãe. Mas o que se vê em cena não é o desenrolar da volta do herói clássico, e sim de um anti-herói, fracassado, que tenta se reconciliar com aquilo de que um dia tentou se livrar
“Krum” – Dias 28 e 29/8, sexta, às 21h, sábado, às 18h e 21h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046). Plateia I e Plateia II central: R$70 e R$35 (meia). Plateia II lateral: R$50 e R$25 (meia)