(Lucas Prates)
As sandálias de salto com tiras de couro amarradas nas pernas de Monique – que subia e descia as ladeiras de Santa Tereza – chamavam a atenção. Olhares curiosos e comentários sobre aquele corpo – de 1,87m, pesando em torno de 100 kg –, sobre saltos altos eram certeiros. “Um dia, fui a um restaurante do bairro e quem chegava não se sentava às mesas próximas à minha”, comenta o ator Saulo Salomão, 30 anos, que encarnou Monique no longa “Família”, dirigido por Guilherme Reis, em 2013.
Integrante da companhia teatral 5 Cabeças e contabilizando 15 anos de carreira, Saulo passou dois meses andando de salto pelas ruas de Santa Tereza para compôr a personagem. “Naquele dia do restaurante, senti uma solidão. Monique não era invisível, porque ela é uma figura forte, mas as pessoas queriam torná-la invisível. Como se fosse proibido um homem em cima de um salto”, lamenta o ator.
TREINO NECESSÁRIO
Essa, no entanto, não foi a primeira vez que Saulo teve que se equilibrar sobre saltos. Nas filmagens do curta “Satélite” e em trabalhos de pesquisas do Obscena Agrupamento Independente de Pesquisa, já encarou o desafio. “É realmente uma sensação muito diferente, colocar um salto. De certo modo, promove uma ‘alterada’ no corpo, muda o modo de andar, muda sua altura. É muito interessante”, avalia.
Saulo chegou a andar de salto em casa para obter o equilíbrio necessário antes de encarar as ruas. “O jogo de pernas altera um pouco a coluna. Então, fiz esses movimentos primeiro em casa”, explica.
Para ele uma coisa é certa: sustentar um salto não é para qualquer pessoas. “As veias do pé ficavam salientes, tudo doía, e dava sensação de formigamento”.
Grupos de dançarinos se arriscam sobre o salto agulha
No universo da dança, não é raro encontrar homens de salto. Uma ida ao YouTube aponta, por exemplo, o grupo ucraniano Kazaky, formado por quatro rapazes que deixam qualquer mulher morrendo de inveja, pela habilidade de se movimentar em sapatos de salto agulha altíssimo.
O grupo se tornou mundialmente conhecido após participar do clipe de “Girl Gone Wild”, de Madonna. O coreógrafo francês Yanis Marshall é outra referência. Um vídeo dele, ao lado de dois dançarinos, e interpretando músicas da diva Beyoncé ganhou, recentemente, a internet e já acumula mais de um milhão de views em apenas cinco dias (confira os vídeos no fim da matéria).
FABULLOU’S DANCE
Mas nem é preciso ir assim tão longe. Em Belo Horizonte, seis garotos, capitaneados pelo dançarino e professor Paulo Dantas, têm sido requisitadíssimos. Formado há apenas dois anos, o Fabullou’s Dance está com a agenda disputada. “Temos uma ótima aceitação, e de todos os perfis de público”, comemora Dantas, 23.
O grupo ensaia toda semana e se apresenta também no interior do Estado. Para Dantas, o salto imprime sensualidade à dança. “O legal do salto é que você precisa manter uma postura correta, e também exige uma precisão coreográfica”, afirma.
Madonna - Girl Gone Wild (com o grupo Kazaky):