'Historietas Assombradas' chega na esteira do sucesso dos desenhos nacionais

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
06/11/2017 às 17:55.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:34
 (VITRINE/DIVULGAÇÃO)

(VITRINE/DIVULGAÇÃO)

O Brasil se tornou a menina dos olhos da produção mundial na animação, após ganhar por duas vezes consecutivas o Festival de Annecy, na França, o mais importante do gênero, e virar líder de audiência na TV paga (com o desenho “Show da Luna” ganhando o pódio em 2016), soterrando aquele velho preconceito de que criança não gosta de desenhos nacionais. Um exemplo dessa trajetória é “Historietas Assombradas”, já nos cinemas.

Antes de virar longa-metragem, a trama recheada de elementos bizarros sobre um garoto mimado de cabelos vermelhos, adotado por uma velha bruxa, apareceu primeiramente em 2011, na forma de um curta premiado. O passo seguinte do criador Victor-Hugo Borges foi a TV, logo virando uma das principais atrações do Cartoon Network. Agora entra num terreno já consolidado por filmes como “O Menino e o Mundo”, um dos indicados ao Oscar de 2016.

“Fazer animação não era uma tradição no Brasil e hoje, após o empenho de uma geração de realizadores e da criação de incentivos, fomos alçados a essa condição, sendo capazes de fazer filmes que agradem os críticos, como ‘O Menino e o Mundo’, e outros com potencial comercial”, registra o diretor, que seguiu um caminho diferente de seus antecessores, sem estar focado no público de arte ou no alcance mais comercial.

A animação “Irmão de Jorel” é do mesmo estúdio de “Historietas” e está em cartaz no Cartoon Netwoork, na terceira temporada

“Com ‘Historietas’, ficamos entre essas duas propostas, com uma raiz autoral, que vinha do curta, e com a expectativa de bom público devido ao suporte da TV”, analisa Borges, ciente de que os públicos de cinema e TV são distintos. “Diferentemente do cinema, na TV a meta de público é a criança e, por isso, revisamos muito coisa quando migramos do curta para a série. De volta ao cinema, retomamos um pouco o que está no curta”, compara.

No cinema há fôlego para explorar um arco dramático, calcando-se na mitologia de “Historietas Assombradas”. Borges assinala que, ao mesmo tempo em que a história se torna acessível para quem não tem conhecimento prévio, os fãs terão contato com um universo expandido, sabendo mais sobre seus personagens favoritos.

Apesar das mudanças de formato, um dos aspectos essenciais da produção sobreviveu: aquilo que Borges define como um personagem mais agridoce, um anti-herói folgado, que comete erros e às vezes perde a nossa empatia. Quando “Historietas Assombradas” ganhou sinal verde na TV, ele ficou em dúvida se manteria essa linha bizarra.

A resposta estava na própria programação do Cartoon, com vários desenhos abertos à experimentação. “Foi o que nos permitiu seguir com esse lado mais maluco”, avalia. Maluquice que se deve muito à mão do diretor, um fã de terror que aposta “naquele cantinho mais escuro das crianças”, expressa hoje em diversos produtos. “A criança tem fases e há aquelas que frequentam o lado mais obscuro sem problemas. Outras preferem o coisas coloridas e pôneis. Ser a série mais popular nunca foi a nossa meta. Mas sempre quis algo que fosse longevo, que passasse daqui a 20 anos e ainda prendesse a atenção”, sublinha.

Borges também está às voltas com uma série animada inédita, com boa parte dos episódios prontos. “Totalmente criada por mim, com 78 episódios e a associação de um canal grande, mas que ainda não pode ser anunciado porque os contratos não foram assinados”, explica adiantando que, conceitualmente, será voltada para um público mais novo, sem deixar de lado as esquisitices que “fazem parte da minha mão e não posso abandonar”.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por