VENEZA - O diretor William Friedkin, de clássicos do quilate de "Operação França" (1971) e "O Exorcista" (1973), recebe hoje o Leão de Ouro do festival de Veneza pelo conjunto da obra. Mas o cineasta, que experimenta um novo auge criativo com a parceria do dramaturgo Tracy Letts ("Os Possuídos" e "Killer Joe"), não está no evento para lembrar apenas do passado.
Na entrevista concedida à imprensa mundial antes da entrega do prêmio, Friedkin, que também está no festival com a versão restaurada de "O Comboio do Medo" (1977), reclamou da atual situação do cinema americano.
"Hollywood hoje é um cassino, onde você aposta todas as fichas em apenas uma carta", reclamou o cineasta, que não poupa o alto investimento dos grandes estúdios em franquias de super-heróis.
"Para um filme ser feito você precisa ter um ator vestido de colante com uma letra estampada no peito e salvando o mundo. Tem de ser alguém que pode matar vampiros ou zumbis. Eu não quero fazer esses filmes. Eu não quero nem assisti-los."
Friedkin, que lançou suas memórias no início do ano e viu "Killer Joe" ser menosprezado pelo Oscar, apesar das ótimas críticas, acredita, contudo, que "os grandes estúdios vão continuar existindo por um bom tempo" e que sua preocupação agora é com a distribuição.
"O mundo está mudando rapidamente e os jovens atualmente podem fazer coisas que eu sequer sonhava no meu tempo. Eles podem comprar uma câmera, editar os filmes no computador e distribui-los na internet. Quando comecei neste trabalho, era bem mais difícil."
*Enviado especial