HQ ‘Barbarella’ ganha, enfim, reedição no Brasil

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
08/11/2015 às 11:06.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:23
 (Divulgação)

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Para falar de “Barbarella”, é preciso lembrar a época em que a HQ da personagem homônima foi criada: o início dos anos 60. Mesmo quem não viveu aquele período sabe a efervescência que o pautou, com a corrida espacial em curso, o advento da pílula anticoncepcional e o movimento feminista ganhando novo fôlego, apenas para citar alguns dos assuntos que dominavam as rodas de conversas – e os noticiários.

A criação de uma protagonista em um universo – o das HQs – até então dominado por figuras masculinas – pontuando-se, ainda, que ela apresentava características de uma heroína, como o fato de ser impetuosa, guerreira, corajosa e afins – poderia se enquadrar num evento abarcado pela tal nova onda feminista. Mas, bem, a autoria de “Barbarella” é de um homem – o francês Jean-Claude Forest (1930 – 1998).

O que todo este preâmbulo quer dizer? Bem, a emblemática HQ acaba de ganhar reedição no Brasil, pela Jubati Books, com introdução (assinada pelo jornalista Gonçalo Jr) bastante elucidativa, que mostra o quanto a iniciativa acabou se tornando um divisor de águas neste segmento.

Entre outros motivos, por ampliar o mercado, abarcando o público adulto que, claro, sucumbiu “à disposição e à ousadia da personagem em tomar a iniciativa para o sexo”, como assinala Gonçalo.

Fonda X Bardot

Mas não só. Embora Barbarella tenha ganhado o rosto (e o corpo) de Jane Fonda no cinema – sob a direção de Roger Vadim –, os traços da personagem das HQs teriam sido inspirados, na verdade, na francesa Brigitte Bardot – de fato, até o penteado é idêntico.

Barbarella, a personagem, exala sensualidade quadro a quadro (os desenhos, aqui, são em P&B + azul). Mesmo situações de perigo acabam incluindo cenas de sexo, e, não raro, os desenhos mostram a heroína com seios à mostra. O próprio Gonçalo Jr. lembra que a disposição e ousadia da personagem em tomar a iniciativa para o sexo fizeram com que a publicação em álbum fosse, por um certo período, censurada... na própria França!

Claro, esses tempos ficaram para trás. E se houve quem ficasse incomodado com o acento da sexualização da mulher, e com a preocupação evidente em dotá-la de formas ditas “perfeitas”, é preciso lembrar que a importância do (re)lançamento reside mais no fato de ser um marco histórico na linha evolutiva das HQs. Ponto, pois, para a iniciativa.
 

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