Indicado para 4 Oscars, filme fala de mudança de sexo

Agência Estado
10/02/2016 às 18:16.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:22
 (Divulgação)

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Um dia, a pintora Gerda Wegener faz um pedido ao marido, o também artista plástico Einar Wegener. Como a modelo que estava posando para Gerda havia faltado ao encontro, ela gostaria que Einar vestisse as roupas femininas para substituí-la durante a sessão de pintura. Dessa forma, ela poderia continuar o trabalho e a encomenda não atrasaria.

Einar topa a parada e, desde esse pequeno fato, algo muda em suas vidas. E de maneira radical. Einar passa a se sentir fascinado pelas roupas da mulher, até desenvolver o que seria uma nova personalidade feminina, que batiza com o nome de Lili.

A história é verídica, envolve o casal de artistas plásticos dinamarqueses Gerda e Einar Wegener, tem início na Copenhague dos anos 1920. É tema do filme A Garota Dinamarquesa, de Tom Hopper, com quatro indicações para o Oscar: Eddie Redmayne, como Einar, para melhor ator, Alicia Vikander como Gerda,  para atriz coadjuvante, além de figurino e design de produção.

A Garota Dinamarquesa tem despertado interesse, pois fala de um dos primeiros casos conhecidos de cirurgia para mudança de sexo em um transgênero. Mas nem tudo é unanimidade. Se você pesquisar na internet, verá que também não está isento de polêmicas.

Baseado no livro homônimo de David Ebershoff, o filme vem sendo acusado de romantizar e adocicar a história original, que teria sido muito mais dura para seus protagonistas do que a versão colocada na tela por Tom Hopper. Além disso, grupos LGBT se queixam de que uma pessoa transgênero, como Einar/Lili tenha sido interpretada por um ator cisgênero. O neologismo designa pessoas que se reconhecem como pertencendo ao gênero que foi designado ao nascer.

Livro é inspirado em diários da personagem

Em uma nota preliminar, o escritor norte-americano David Ebershoff diz que A Garota Dinamarquesa "é uma obra de ficção inspirada na história de Lili Elbe e sua esposa, Gerda". Ou seja, assume ter romanceado um caso real, em que Einar Wegener se converte em Lili Elbe.

Ebershoff baseou-se nos diários e correspondência de Lili, editados em 1933 por Niels Hoyer após a morte da autora, sob o título de Man Into Woman. Mas Ebershoff admite que mesmo esse material de primeira mão foi retrabalhado por Hoyer até se converter numa "biografia híbrida, semificcional".

Difícil, portanto, escavar a "verdade" absoluta dos fatos, ainda mais em terreno tão movediço, íntimo e cercado de silêncios, julgamentos morais e preconceitos. Dessa forma, sentiu-se livre para, com o material disponível, fabular e ficcionalizar, fazendo de "A Garota Dinamarquesa" um romance apenas inspirado em vidas reais. Quer dizer, uma peça de invenção, destinada a interpretar essas vidas longínquas no tempo e torná-las contemporâneas do público atual.

Dessa forma, Ebershoff se vale de alguns expedientes que são omitidos no filme. Por exemplo, evocar a infância dos personagens, a de Gerda, na Califórnia, a de Einar/Lili na própria Dinamarca, filho de família pobre, cujo pai era pescador.

Mas, de qualquer forma, o livro abre de forma direta com a cena, digamos assim, primordial, na qual Gerda pede ao marido Einar para que vista as peças femininas e pose para ela. O romance tem bom texto e linguagem envolvente.

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